quinta-feira, 30 de junho de 2016

São Cristovão Bar





Milhares de fotos, cartuns, flâmulas, emblemas, autógrafos de visitantes ilustres (Ademir da Ghia, Rivelino, Sócrates, Raí, Roberto Dinamite...) nas paredes e uma coleção de mais de 120 tipos de cachaça, faz do bar São Cristóvão um lugar a ser visitado não só pelos fanáticos por futebol mas também por qualquer pessoa interessada em história, ou que esteja a fim de um happy hour sossegado num lugar diferente, destinado a uma boa e calma conversa.


“É um lugar eclético, ainda não muito procurado por pessoas engravatadas”, dribla Leonardo Silva Prado, avesso a qualquer tipo de modismo.  Este bar, que veio para ficar, tem a seu favor uma incrível coleção da memória futebolística brasileira e internacional, tornando-o um pequeno museu auto-sustentável, financiado pela assídua clientela.


Goiano, Leonardo capricha na caipirinha, com pinga produzida em Palestina de Goiás (R$ 6), e oferece a milionária Anísio Santiago (R$ 30 a dose), a Salinas (R$ 3,90) e a Boasinha (R$ 3,90). Escolha é que não falta: o  cardápio traz a graduação alcoólica, côr (branca ou amarela), tipo de tonel e origem de cada cachaça. 


A pluralidade das garrafas do São Cristóvão – time carioca azarão, que venceu apenas um campeonato local, em 1926 – deve-se à garimpagem do proprietário em diferentes mercados, levando-o a trazer de suas viagens  exemplares de bebidas típicas e curiosas: seis tipos de pisco (de R$ 8 a R$ 12); seis grapas italianas, uruguaias e gaúchas (R$ 9 a R$ 12); Hesperidina, um vermute de laranja argentino, tomado com clube soda e rodela de limão (R$ 12); Cusano Rojo mexicano, um tipo de tequila que vem com um “cusano” – verme em espanhol – dentro da garrafa (R$ 10). Argh! “Mas o pessoal pede!”, ele chuta, mostrando o vasilhame com um rótulo divertido, meio cheio...


Entre 25 porções de petisco: alheira (R$ 11); cama de sardinha portuguesa (R$ 9); pastel de escarola com anchovas (R$ 12 / seis unids.); baurú Ponto Chic (R$ 7). Sendo comum aos goianos torcerem para times cariocas, Leonardo não torce para o SCFC, como seria de esperar, mas para o Vasco da Gama. Visitar o bar é gol!      


               


Serviço: Bar São Cristóvão / Rua Aspicuelta 533 - Vila Madalena. Tel: 3097-9904


 


Armando Serra Negra  


Sake do Sacolão





         Saquerita já se sabe o que é – a bebida preferida por nove entre dez estrelas do cinema: caipirinha à base de saquê. E saquezada? Levar uma botelha de saquê na moringa? Pode ser... até duas, três, quantas agüentar! Quem curte comida japonesa acompanhada de saquê – frio ou quente – sabe que ele é suave, forte, teor alcoólico entre 14% a 26%. 


Bebida milenar, da China e Japão, provêm da fermentação do arroz meramente fervido e filtrado, classificado como um tipo de vinho branco nos livros especializados. O saquê chinês – menos comum por aqui – passa também por um processo de destilação, alçando-o ao rol das aguardentes. Embora não se saiba a origem do nome, perdida na maré dos tempos, possivelmente deriva da expressão inglesa “For god’s sake!” (pela fé em Deus), como brindavam corsários e marinheiros medievais, ingerindo o néctar desconhecido. Numa época de forte influência britânica no extremo oriente – e no resto do mundo – o nome sake pegou também entre os orientais.


            Às quartas-feiras, no Sushi do Sacolão, o sake rola solto. Quem ainda não conhece o pedaço, não sabe o que perde no paladar, sem esvaziar o bolso! “Nosso preço não se compara a nenhum outro japonês de São Paulo”, orgulha-se Chico Egashira, sushiman que assumiu o ponto. Ambiente de mercadão, sem frescura, mesinhas, cadeiras e banquetas de plástico. “O pessoal vem pela comida e não pelo luxo”. Mesmo reduzindo a oferta do cardápio em 30%, seu restaurante não perde em nada na qualidade e atendimento para os melhores da cidade. A não ser no preço: sushi misto (R$ 16,00 c/ 17 unids.), sashimi (13,50 c/ 19 unids.), rodízio (R$ 24,90 c/ sete entradas, nove pratos quentes, seis sushis e três sushis fritos diferentes).


Pequena comparação: o japonês ingere – em média – 6,6 litros de álcool ao ano, enquanto os brasileiros 4,2 litros. Por isso, Chico-san inventou de fazer saquezada semanal, pagando para ver – literalmente – se os gaijin (caras-pálidas) chegam lá... “A garrafa do fornecedor de saquê nacional (Azuma Kirim) sai por R$ 11,00; no dia da promoção ofereço open-bar por apenas R$ 12,00”, convida. “É uma idéia de marketing para atrair os jovens, a experimentar a comida japonesa, inacessível ao orçamento em outros restaurantes”. Por experiência própria, uma ótima opção para comemorar aniversários e planejar festas de fim de ano. Basta avisar o Chico com antecedência. E, para quem é bom de bebida mesmo,  prejuízo ao samurai, antes de trançar as pernas, peça um revigorante missoshiru (R$ 1,50) para forrar o estômago, e voltar para casa numa boa... Lembre-se: beba com moderação. Banzai! 




Sacolão da Vila Madalena / Sushi do Sacolão
Rua Medeiros de Albuquerque 352 Vila Madalena
Tel: (11) 3813-5482


 Armando Serra Negra

6:01




Contagem progressiva: 17:59... 18:00... 18:01... O simpático gerente solta a corrente à entrada do bar, franqueando o 6:01 ao agito. Antes disso, contudo, a curtição de um agradável e sossegado happy hour – como o número sugere – é a tônica do lugar. Freqüentado por mulheres bonitas e pessoal do mercado financeiro, da Faria Lima, Berrini e Juscelino Kubitschek.

Quem sabe as horas com exatidão? Os ponteiros de um relógio raramente batem com os de outro (a não ser que estejam sincronizados, e sejam analógicos) e o tempo é contado de formas diferentes: horário local, legal, zulu (Greenwich), sideral, equinocial e temporário. E qual deles inicia a parte mais gostosa do dia, quando se sai do trabalho para um bom drinque com amigos, relaxar, lançar-se a uma nova paquera? Chris Pellicciotti, proprietário, resolve o enigma do eterno girar planetário: “sempre é tempo; o horário indicado na placa é conceitual, quem chega mais cedo é bem recebido – até para o almoço. Os que chegarem mais tarde terão uma surpresa!”.

Esse barzinho, que pouco difere de outros do gênero, tem uma originalidade surpreendente: às quartas, sextas e sábados bomba para valer. Lá, tocam as bandas de Suzy Bastos – intérprete que já virou referência do rock nacional – e Velotrol – flash back dos anos 80 – inspirado em velocípede da Trol, antiga fábrica de brinquedos, do ex-ministro da Economia Dilson Funaro, pai do Plano Cruzado no (des) governo José Sarney. “Nosso público é um pouco mais maduro, embora bons bailarinos, as garotas mais jovens dançam sobre as mesas”, batuca Pellicciotti. Nos outros dias a animação é mais calma, música ao vivo sempre a partir das 21:30.

O 6:01 ganhou o certificado da Real Academia do Chopp, desenvolvido pela Ambev, em razão da qualidade de seu produto. Durante o happy hour, a tulipa é maior – 400 ml – ao mesmo preço da tulipa normal – 300 ml (R$ 3,20). “A Brahma cobra uma padronização de três dedos de colarinho (20 ml) bem cremoso, a uma temperatura de -2ºC quando sai da máquina, chegando á mesa entre 1ºC a 2ºC”. E quem gosta de colarinho de padre? Deve visitar o 6:01 do mesmo jeito! “Temos uma lucratividade líquida entre 20% e 25%, embora o que se vê por aí esteja de 15% a 18%”, mede o sucesso o empresário. O resto do lucro fica por conta do aluguel, encargos trabalhistas, etc., mas a maior parte advinhe para quem... Roaaarrr!

 

6:01

Rua Comandatuba 26 Vila Olímpia

Tel: 3845-7396

 

Armando Serra Negra

St. Patrick Fest / All Black



              Impossível dizer o que o pub All Black tem de melhor. Lá chegando, você já  se depara com a simpatia do André e do Marcelo, irmãos que garantem a entrada e a segurança do lugar. O staff de garçons e garçonetes experientes e atenciosos é a segunda atração que você vai encontrar, além da decoração charmosa de  pub irlandês - com perfeito isolamento acústico. A terceira atração, sem dúvida, é pedir a famosa cerveja Guinness (pint a R$ 13,00 e half pint a R$ 7,00), patrocinadora do pub e mundialmente conhecida por seu “Livro dos Recordes”.

Copo na mão, convenientemente instalado, a quarta atração - talvez a que tenha conferido definitivamente ao All Black o sucesso merecido – está para rolar.

O clima é de expectativa. No pequeno palco, os músicos vão afiando os instrumentos e testando o som. A casa já está cheia (por isso é bom chegar cedo para pegar lugar). O staff zanza para cima e para baixo, a pequena Maria equilibrando bandejas lotadas sem derramar nada; como é possível? É trabalho duro também o das bartenders Fabíola, Rose e Janaína – artista em desenhos na espuma etílica (veja abaixo) – preparando deliciosos e bonitos drinques, ao mesmo tempo que tiram os  chopps (Carlsberg a R$  6,50  pint e R$ 3,30 half pint) sem descanso e pouco colarinho adequado. Sem dúvida elas são ajudadas pelos rapazes Aldo, Sandro, Osvaldo, entre outros, tudo fluindo bem. A cerveja mais pedida é a Bohêmia (R$ 4,00).

O clima é de amizade, e, mesmo apinhado, a cozinha é impecável. Come-se muito bem no All Black, a bom preço, desde tapas, canapés, sanduíches e pratos da cozinha internacional. Uma curiosidade muito saborosa são as batatas irlandesas fritas – as batatas selvagens – maiores que as comuns, primeiro cozidas e depois fritas, salpicadas de alecrim, conferindo um “mordiscar” especial.

Uma boa noite de All Black é aos domingos, quando toca a banda Sonora, de black music, com a excelente e bela crooner Roberta. O som da casa bomba, também, nas noites, que precedem a segunda-feira, e começa mais cedo (21:30hs.). Na terça-feira o som é do Vasco, guitarra, gaita, e canto, multitarefa. Um arraso. A noite mais concorrida (fila na porta) é a de quinta-feira, com a banda Insônica, de rock e pop, com as músicas de rádio. Na sexta-feira é a vez do  “Malaco Soul”, um professor de inglês com voz chegada a Tim Maia. Imperdível.  As noites de quarta e sábado são reservadas para novas bandas se apresentarem. Dancing free.

Pub é uma abreviação de public bar, sendo que os ingleses se diferenciam dos irlandeses principalmente pela decoração despojada, desses últimos. O All Black, que leva o nome em homenagem ao time de rugby neo-zelandês, foi inaugurado em 21 de novembro de 2001, fita cortada pela primeira ministra da Nova Zelândia, Helen Clark, em visita ao Brasil,. Quando chegar lá, peça a um dos porteiros para mostrar a placa comemorativa do evento, mais um dos fatores que distinguem esse pub. No próximo domingo o All Black completa três aninhos, mas festa mesmo rola no Dia de St. Patrick, em 17 de Março.




É quando a poderosa Janaína exercitará a arte de desenhar – com a própria cerveja – um trevo de Saint Patrick, o santo padroeiro da Irlanda, na espuma de uma Guinness geladinha. Pubs irlandeses do mundo inteiro estarão festejando a data. Decorando os bares com centenas de trevos verdes de papelão recortado, servem chopps, esverdeados com corantes neutros, oferecendo a seus clientes vários tipos de promoções reservadas para a festa. Tradição.

St. Patrick, ou São Patrício – homenageado também na catedral mais importante de Nova York, na Quinta Avenida – nasceu em Gales, por volta de 385. Aos 16 anos de idade foi seqüestrado por um grupo de piratas irlandeses, fato que acabou aproximando-o da fé cristã. Seis anos depois, escapando do cativeiro, viu que sua missão era converter os irlandeses pagãos – tal seus seqüestradores – ao cristianismo. Sucesso absoluto. Tanto que a Irlanda continua católica até hoje, mesmo sob pressão dos ingleses protestantes. É desse confronto separatista que nasce o Exército Republicano Irlandês (IRA), grupo terrorista e braço armado do partido político Sein Fein. Hoje a Iralanda está dividida em norte e sul, sendo as capitais Belfast e Dublin. O trevo era usado por St. Patrick em suas pregações, para desvendar o mistério da Santíssima Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo. Acabou se tornando seu símbolo, assim como verde é a cor do país dos highlanders. Completada a missão apostólica, St. Patrick morreu em 17 de março de 461, data que desde então vem sendo festejada pelos irlandeses.

Outra figura, do reino das fadas, também faz parte da festa, é o velho duende Leprechaun. Com 60 cm de altura, é um sapateiro e forjador de ferraduras: quem ouve nas floresta o bater de seu martelo, e consegue encurralá-lo com o olhar, pode obrigá-lo a entregar o pote de ouro que traz escondido no alforge. Porém, se desviar dele o olhar, nunca haverá de encontrá-lo novamente. Procure-o e divirta-se nessa festa... Sláinte!

Saúde em gaélico.

 
All Black: Rua Oscar Freire 163 Jardins
Tel: 3088-7990 C/C: todos.

 

Armando Serra Negra


                           

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Bar Simplesmente






Simplesmente um bar. Como o Platz (já comentado aqui, outros virão), o boteco   incrementa ainda mais um bairro que desponta como um novo polo de entretenimento na cidade: Campo Belo. “A idéia é sermos simples, oferecendo qualidade e bom atendimento; daí o nome”, explica o proprietário Cláudio Azambuja. Experiente no ramo (além de outros bares, já tocou lanchonetes em conceituadas academias de ginástica), optou por criar o bar seguindo uma linha tênue, que o distingue dos “amarelinhos” de esquina, mas mantendo a tradicional localização.    

            Como os demais da região, seu estabelecimento fecha cedo (1h00), respeitando o sono da vizinhança, essencialmente residencial. “MPB ao vivo é  melodia mais calma, ideal para um papo de happy hour, sem atrapalhar ninguém”, diz ele. A proposta é a de um lugar arejado, com varanda e balcão, e um amplo pátio interno a céu aberto, para 80 pessoas, que pode – e deve – ser reservado para festas e confraternizações descontraídas.

            O chope (R$ 3,10) é tirado pelo barman do antigo Democrata, na Vila Olímpia. Geladinho, acompanha o slogan da casa: “Deixe a política de lado e venha provar o creme do colarinho branco”. Brincadeira sutil com o festival de mamatas que assolam o País (crime do colarinho branco), é um bom convite para se desligar um pouco das atuais e impalatáveis manchetes. Ao paladar, boas pedidas são as lingüiças de cordeiro ou de carneiro em gomos (R$ 26,50), com vários molhos, hamburguer na “ponta da faca”, de alcatra picada (R$ 8,00) super macio. Cervejas de 600 ml, Itaipava (R$ 3,80), Bohemia, Original e Serramalte (R$ 4,30), caipirinha (R$ 7,00) e caipiroska (R$ 9,00). Um televisor antigo é desligado na hora dos telejornais. Simplesmente.

 

Simplesmente
Rua Cristóvão Pereira 1406 Campo Belo
Tel: (11) 5042-0112

 


Armando Serra Negra        

Tenerife Bistrô









Tenerife, um paraíso das Ilhas Canárias, sob a bandeira espanhola, na costa africana, é também o nome do mais novo e charmoso barzinho da Vila Olímpia.  Fruto da parceria entre o pessoal do Santo Grão, dos Jardins, e do São Pedro e São Paulo, do Itaim-Bibi, o lugar abre suas portas carregado de know how e tradição.


“O lugar foi todo construído com material reciclado, ou restaurado, comprado em demolições”, conta Denis Geyerhahn, um dos proprietários, apontando para os mais de 20 mil tijolos aparentes e antigos das paredes, bem maiores que os atuais.


As tábuas que calçam o deck de entrada do bar são abauladas, criando uma agradável e inusitada sensação de que se está pisando num barco, ou navio. As moças de salto alto é que devem tomar cuidado para não tropeçar. O bonito balcão, repleto de bebidas, impõe respeito, e o piso intercalado entre ladrilho hidráulico e tábuas de ipê restauradas fecham a arquitetura.


Embora guardando um certo “ar” de pub, exibindo uma coleção de peças de peutro dos séculos XVIII e XIX, o Tenerife se diferencia pelo aconchegante mesanino – um lugar mais calmo, bom para namorar – e pelo teto retrátil da varanda, aberto nas noites estreladas e de luar.  


  Assim como a música ambiente em MP3, os três cardápios – café da manhã, almoço e happy hour - também é criativo, contemporâneo e eclético. Os preços estão na média, levando-se em conta a qualidade dos pratos, petiscos e bebidas. O serviço é excelente, composto por um time de jovens entre 20 e 27 anos, “que trabalham para ganhar dinheiro, pensando em viajar”, revela Priscila, a simpática e descolada gerente.


O chopp está a R$ 2,50 (150 ml) e R$ 3,20 (300 ml); caipirinha R$ 7,20; caipiroska R$ 8,30; uísque Grants R$ 11,00 a dose e R$ 110 a garrafa (clube do uísque). Algumas especialidades são as caipiroskas de frutas vermelhas, R$ 8,70, de frutas tropicais, R$ 8,70 e o mojito – um drinque cubano à base de rum Havanna, bastante refrescante, a R$ 13,00.


A casa pode ser reservada para festas de confraternização de empresas, cafés da manhã de negócios, e à noite é um gostoso barzinho à luz de velas.


 


Tenerife: Rua Tenerife 132 Vila Olímpia Tel: 3044-6972


 


Armando C. Serra Negra


 

Teta Jazz Bar








Seio simboliza maternidade, doçura, intimidade, segurança, refúgio e regeneração (Dicionário dos Símbolos / Ed. José Olímpio, R$ 94). E, salvo disposições em contrário, são essas as tranqüilas vibrações emanadas no Teta  Jazz Bar. Num primeiro momento.


O nome, por si mesmo, remete à maternidade: um lugar para se isolar do mundo (refúgio), ideal para a meditação (segurança) ao som de boa música ao vivo –  mpb e bossa nova – regada a drinques caprichados (doçura), com a certeza de que os problemas do dia a dia serão resolvidos em breve (regeneração). Esse ambiente também convida a um tête-à-tête romântico, com direito a papo-cabeça, início de uma boa amizade ou relação amorosa (intimidade). Mas, como pela lei do equilíbrio, regente das paixões, um momento de introspecção sempre traz outro de exaltação, também aí o Teta não deixa a desejar. A partir das 22h30 revela-se o significado mais popular da palavra: bandas de primeira qualidade (são mais de 60 cadastradas) alinham-se num pequeno espaço, jorrando com a fartura de seus instrumentos o melhor jazz que se pode ouvir. A proximidade com a clientela também permite a apreciação dos movimentos musicais, levando a entender como os exímios músicos produzem os sons mais variados e complexos. Exemplo: observar a dança dos dedos do saxofonista uma experiência singular.    


A atmosfera ambivalente do Teta (característica própria dos seios: o esquerdo simboliza a lua, o direito o sol), transitando entre a introspecção e a exaltação, tornou-se possível porque o lugar é pequeno – 50 pessoas sentadas – simples e iluminado a meia luz. “Depois de trabalhar no Ritz, fui comissário de bordo da TAM, indo muito a Buenos Aires; foi lá que captei a boêmia que se tem aqui”, diz Zaca, o proprietário. Cabelos longos e rabo-de-cavalo, ele montou uma engenhoca no balcão: mangueiras transparentes afixadas num grande recipiente de vidro com frutas mergulhadas, utilizam o princípio dos vasos comunicantes para despejar, através de torneiras plásticas, três variedades alquímicas de cachaça (R$ 4).


As especialidades que saem de seu cadinho são familiares: casquinhas de siri, receita da avó (R$ 21 / 8 unids.) levam ingredientes que nenhuma outra leva; a torta de frango (R$ 20) é saboreada pela parentela há 60 anos; a fórmula das venerandas panquecas (R$ 16) tornou-se um segredo filosofal. Etílicos: Red Label (R$ 9,80); Jack Daniels (R$10); Chivas (R$ 13); Black Label (R$ 15); caipirinha (R$ 6,50); caipiroska (R$ 6,50); Bohemia (R$ 3,40); Skol Beats (R$ 3,70); chopp (R$ 3,40), entre outros. Pegue sua vassoura e voe até lá!


 


Teta Jazz Bar (o bar encerrou as atividades)
Rua Cardeal Arco Verde 1265 – Pinheiros
Reservas: 3031-1641
Couvert: R$ 5          
Armando C. Serra Negra

The Blue Pub










Underground não são os freqüentadores do The Blue Pub. Quatro ou cinco degraus abaixo do rés do chão, o charmoso lugar é remanescente da antiga arquitetura paulista, acostumada a construir casas com sótãos e porões. São vistos no interior, em velhas fazendas, mas pouco aqui. A coincidência inspirou o professor Roberto Semmler – da escola de idiomas Blueprint – a adaptar um pitoresco boteco no subsolo das salas de aula. Como em Londres e Nova York.
No chamado basement está o barzinho simpático e compacto: meia luz, balcão de madeira com cadeirões, alguns sofás, acomodam 15 ou 20 pessoas, e  mais umas 20 em pé. O genuíno pop britânico vibra nas cordas do violão às quintas, sextas e sábados. Beatles, Oasis, Eagles, The Cure, embalam chopp Warsteiner (R$ 3,40); uísque 8 anos (R$ 11,80); 12 anos (R$ 14,50); caipirinha envelhecida (R$ 8,20); caipiroska (R$ 7,80), bem ao ritmo de Sua Majestade. Nos outros dias, musica ambiente: “alguns clientes trazem seus próprios cds para ouvirmos aqui”, brinca a barmaid Verônica.
   “A idéia é a do ‘local pub’, perto do trabalho, para beber um trago antes de ir para casa”, diz Semmler. Mas como bom professor, torna-se visionário: “queremos o atendimento, serviço, cardápio e preços em inglês (pence & pounds); um local para fazer a lição de casa, informal e sem frescura!”. Para os que não são versados no idioma de Shakespeare, um help: o verso das comandas trará um “manual de sobrevivência”, indicando como se pede um chopp, onde é o toalete e coisas assim.
Além de relaxar, os pubs tradicionalmente oferecem diversão: numa sala contígua, a mesa de snooker semi-oficial está sempre ocupada; joga-se ao modo britânico com nove bolas vermelhas, e não três como no Brasil. Mata-mata é sucesso entre os jovens. No salão superior, utilizado para festas, pratica-se jogo de dardos: “o pessoal da Federação Paulista vem sempre aqui!”, desafia. 
Ao lado do Hotel Maksoud Plaza, o pub é freqüentado por estrangeiros, executivos e pessoal de linhas aéreas, ideal para brazucas exercitarem a língua. Mas como o bar é pequeno, pequeno mesmo, não tem cozinha... Por isso, a porção de fritas (R$ 7,90), provolone à milanesa (R$ 16,50), filé aperitivo (R$ 19,50), são preparados na pizzaria do vizinho. Sobre a geladeira um aparelho de dvd transmite altos shows, plugado num velho televisor. Very british!   
 
The Blue Pub
Alameda Ribeirão Preto 384
Phone: 3287-0196
Armando Serra Negra
 
 
 





 

The Orleans Bar





Não é necessário ir às margens do Mississipi para navegar no melhor jazz. Pois no The Orleans Restaurante e Bar – que está para completar um ano de sucesso – o ritmo deságua aos borbotões a partir das 22h30. Quando o público já está animado pelos pads maneiros da DJ Ana John (DC, 23/06/11), sacando da mochila um mix de mil CDs ao gosto da galera. Atracando entre o micro All Jazz e o macro Bourbon Street, as duas melhores casas de jazz de São Paulo, o The Orleans aportou tranqüilo com sua nova proposta. “Temos um espaço de médio porte, mas grande o suficiente para trazer músicos de renome internacional”, diz Ricardo Santini, um dos proprietários. Shirley King, neta do legendário B.B. King já deu sua nota, e o bis quem dá é Tia Carroll, estrela do Festival de Jazz de Paraty, em 2010, ainda este mês (confira a programação).


Priorizando a vista do palco – há pouquíssimas “zonas escuras” para a lotação de 250 clientes sentados – o projeto arquitetônico, de tendência clean, imprimiu elegância e arrojo ao estabelecimento. Logo à entrada, um pôster de guitarras exóticas e variadas indica a vocação musical do The Orleans. Um salão em L, à esquerda o balcão do bar, ao fundo o palco, com boa elevação, a parede de pé direito triplo de tijolinho serve de tela para projeções de vídeo. O nome da casa centrado, como no bumbo de uma bateria. De um mezanino intermediário, vendo-se o palco de lado, uma Harley Davidson aponta a via para o fumódromo: portas-estanque de vidro dão para um pequeno terraço com ombrelones. Mais um mezanino, bem maior, vê-se o palco de frente. O verde esmaecido das paredes, quase musgo, é pano de fundo para grandes fotos dos mestres do jazz, blues e soul, pop stars, e de outras guitarras criativamente emolduradas por frisos clássicos de madeira dourada entalhada, uma exclamação surpreendente do antigo e moderno. Bateria completa afixada ao alto, sobre fundo bordô, para quebrar o tom, marca compasso sobre a platéia.


Aposta certeira foi a jovem chef de cuisine Ariana Costa (já passou pelo grupo Fasano, Bistrô São Paulo e Fidel) totalmente dedicada ao métier: frango à Louisiana (tiras empanadas em farofa crocante c/ molho picante R$ 32), coxinha à la créme (c/ catupiry R$ 26, c/ seis unids.), enroladinhos de cogumelos (shimegi e Paris, em fatias finas de beringela e abobrinha, R$ 24). “Os espetinhos de filé (R$ 32) e a porção de pastéis (R$ 24) são demais!”, sugere a diretora artística da casa, Ana Paula Freitas. Cardápio completo e variado, convida a um bom jantar:  “Reunimos a alta gastronomia com a boa música, a preços acessíveis”, acerta em cheio Santini. Clube do Uísque (garrafa): Red Label R$ 120, Black Label (R$ 180), Bucchanan’s (R$ 180). Cerveja Norteña (R$ 18), Quilmes e Bohemia (R$ 6), sucos (R$ 7). Coquetéis corretos. Nomes conhecidos do gênero, como Tony Gordon (filho de Denise Duran e Dave Gordon), Derico Sciotti (assessor para assuntos aleatórios do Jô Soares) e a banda Oito do Bem (mescla jazz com Bee Gees, James Brown, e etc. com excência) vira e mexe dão as caras (couvert artístico R$ 15). Mas agora vamos ficar quietos: o mestre Celso Pixinga – tido por muitos como o melhor baixista brasileiro – vai botar para quebrar!


 


The Orleans Restaurante e Bar
Rua Girassol 398 Vila Madalena
Tel: (11) 3031-1780
www.theorleans.com.br


Armando Serra Negra


 







 

The Raven Bar







Pequeno, atraente e cheio de personalidade, é o The Raven Bar. Perto da Avenida Paulista, tornou-se o ponto preferido dos executivos da região, órfãos do antigo Manhattan, no prédio do City Bank. Lá eles se encontram ao final do expediente, para trocar idéias e saborear alguns uísques exclusivos. O nome do lugar é referência a um poema marcante da literatura inglesa – O Corvo – de Edgar Allan Poe. Dica para os amantes de livros: também é argumento do  excelente policial Impressões e Provas, de John Dunning (R$ 42 – Companhia das Letras, 1996).


Tudo no The Raven é compacto. Uma pequena escada de madeira, correndo ao lado do terraço, dá acesso ao ambiente principal, em que o sóbrio balcão, com três confortáveis cadeirões, é o personagem principal. “Quem senta aqui pela primeira vez, e começa a examinar as garrafas, logo se surpreende!, diz o gerente Pedro Ferraz. Pois, os uísques ali expostos saem do padrão convencional, para atender aos paladares mais sofisticados. Um único standard – Red Label (R$ 10) – acompanha uma primorosa seleção de single malts, para  bolsos recheados: entre outros, Glenmorangie e Talisker 10 anos; Scapa e The Belvenie 12 anos; Glenfidich 15 anos (todos a R$ 25). Uma pequena série a ser  aprovada pelo empresário Clive Vidiz, presidente da Associação Brasileira de Colecionadores de Whisky (ABCW), e – segundo o Guinness Book of Records – o maior colecionador do mundo.    


A ambientação é inglesa (algo raro quando os pubs seguem a tendência irlandesa) com um salão de jogos no piso superior: snooker e pebolim (R$ 10 / cinco fichas). Música eclética: rock’n roll, jazz e funk são tocados em volume discreto, para não atrapalhar o bate-papo. “Muitos negócios são feitos; o pessoal da informática vêm muito, corretores de ações, e um importador ligado ao City faz suas reuniões aqui”, conta Ferraz.  Esse lugar calmo, sugerindo encontros mais intimistas, também tem seus momentos de festa: no último halloween fechou às 7:30 am, e no St. Patrick’s Day foi um arraso.


Outro ponto favorável é a vodka Finlândia. “Ela é filtrada 200 vezes no seu país”, ensina o barman Thiago Saltini, fazendo saltar uma do congelador para um shot (R$ 10). Caipiroska (R$ 11); caipirinha Sagatiba  (R$ 7); chopp (R$ 3,10). Cozinha: chilli nachos (R$ 13); chiken finger c/ curry (R$ 10); bolinho de queijo (R$ 8). Na prateleira de bebidas, um toque sutil do humor inglês: pequeno “museu” expõe suvenires trazidos pelos clientes, com destaque para um porta retrato em forma de mulher fatal. O rosto ainda aguarda uma foto 3X4...


The Raven Bar (o bar encerrou as atividades)       
Alameda Santos 1085
Tel: 3262-1643


Armando Serra Negra



Tubaína Bar




À toa, com uma tubaína na mão. Bar tão cosmopolitano, popular, nem chique, nem vulgar, melhor não pode ser. Saborear uma tubaína é sentir o pé na roça, convidar uma dama à contradança ao som de viola, gaita e sanfona, em forró, ou festa caipira, em dia de São João. E uma raridade na cidade grande, agora encontrada na região da “baixa Augusta”. Só podia ser... Importada diretamente do interior, o termo “tubaína” designa refrigerantes gasosos comercializados por pequenas empresas familiares e regionais, de circulação restrita e preço baixo. Há mais de cem anos à base de guaraná, hoje os xaropes se diversificaram: de limão, morango, cereja, uva e até erva cidreira, a Inca Kola (R$ 12/500ml) trazida no alforge de imigrantes andinos.


A fachada do Tubaína Bar é uma vitrina, facultando a decisão de se entrar (caso o movimento esteja animado), ou não (dificilmente). O ambiente mistura estilos adocicados, como os xaropes  das 15 marcas oferecidas. Estrutura de cimento e aço, paredes pintadas de vermelho e marrom, salpicadas de finas e eficientes arandelas, em latão, grandes espelhos de moldura entalhada dourada, bem kitsh, mesas e cadeiras simples, toscas e desparelhadas, de fórmica ou madeira, um cantinho aconchegante bric-à-brac, com sofá e poltronas, convida um pequeno grupo a ficar mais à vontade. Toaletes no mezanino, uma boa coleção de garrafas de tubaína enfeita a escada. “Nossa proposta reflete  a miscelânea cultural de São Paulo, as várias tribos, culturas e etnias mescladas, polarizadas na região da avenida Paulista, pois não há quem não passe por aqui”, diz a proprietária Verónica Goyzueta. “E como queríamos um nome para o bar que sintetizasse isso, e eu vivia falando das tubaínas da infância, acabou dando o estalo!”, sorri a sócia Daniela Rocha Campos.  Muitos pais levam as crianças ao boteco, até um certo horário, para experimentar o refresco. Foram atrás do produto, e inauguraram em junho de 2009, oferecendo apenas três rótulos. “As bebidas são regionais, e sua distribuição é muito limitada; há alguns fabricantes que trazem pessoalmente as encomendas do interior, em seus carros”. Aos poucos outros fornecedores foram aparecendo. A marca mais antiga oferecida é a piracicabana Etubaína. “Meu bisavô, Vicente Orlando, foi quem fundou a empresa, em 1913. Na época, ele também fabricava uma balinha com esse nome”, conta Eduardo Orlando, 28 anos de idade, à frente dos negócios. Ele comercializa 80 mil litros por mês, em três tipos de garrafas. “Nossa distribuição não ultrapassa um raio de 30 km ao redor de Piracicaba, e a caçulinha (190ml) é vendida, no varejo, em torno de R$ 0,50”, contabiliza. O preço sobe no boteco (R$ 3,90), não só pela exclusividade, mas também pela dificuldade logística em oferecê-lo.


Cardápio variado, as tubaínas podem acompanhar deliciosas porções de coxinha de feijão (recheadas de linguiça e bacon – R$ 18), queijo coalho à milaneza (com mel de engenho – R$ 18), ou pamonha frita (genuína de Piracicaba – R$ 15). Coquetéis: Cosmopolitam do Agreste (cachaça ou vodka, tubaína de uva, suco de maracujá, pimenta dedo de moça – R$ 15); Mojaína (versão do Mojito, com tubaína de limão – R$ 15. Quem já provou o mais tradicional e popular refrigerante brasileiro, agora pode saciar a saudade; quem nunca provou, pode saciar a vontade.  Saiba mais e participe:  http://confrariadastubainas.wordpress.com/


Tubaína Bar
Rua Haddock Lobo 74 Consolação
Tel: (11) 3129-4930


Armando Serra Negra


 

Vanilla Suplicy & Millor Café


 
 

Um namoro que dá certo: literatura e happy hour. Outro casal bem humorado é o acesso grátis à internet e um bom cafezinho. Tudo misturado, um par perfeito. Enfocando essa tendência mundial (em Sampa, oferecem o serviço o sofisticado Suplicy e o simpático Millor, entre outros), foi que dois Sérgios, o Freire – experiente em franchise de cafeterias e alimentação – e o Milano – um dos sócios da Editora Nobel – se uniram para incrementar ainda mais esse romance etílico-literário, de café e negócios. Celebrado o casamento, as duas franquias autônomas criaram um web-point,   destacando o Vanilla Café. “Somos master e estamos abertos aos interessados”, acena o primeiro Sérgio.

         Varandinha com teto retrátil à direita de quem entra (área reservada para fumantes), a equipe descontraída de garçons e garçonetes, avental cáqui, bandanas verde-escuras com orquídeas brancas estampadas, convidam ao relax. “Muitos não sabem que a vanilla – a nossa baunilha – é uma orquidácea”, comenta Freire, apontando para duas gravuras côr de rosa, que entre as plantas compõe o agradável e sossegado ambiente.

         Aberto há pouco mais de um mês, o Vanilla vem atraindo a clientela. Entre a varanda e o transado balcão do bar, com cadeirões, vitrina de doces e salgados, três telas planas de micro sobressaem. “Elas estão aí para serem usadas... mesmo que alguém peça apenas um expresso (R$ 2), pode acessá-las o tempo que quiser”. Melhor: o serviço é gratuito. Checando e enviando e-mails, de costas para a grande livraria onde se encontra de tudo:  jornais, revistas, livres de poche, best-sellers, arte, hobbies, infanto-juvenis, material de escritório, papelaria, DVDs. Papeando tranqüilamente, bebericando, é a pedida certa para não micar trabalhando em casa, mas num lugar acolhedor, pessoas simpáticas ao redor. Como a livraria e o café são parceiras independentes, uma chama o público para a outra, o segredo da nova concepção mercadológica: “Enquanto o tíquete (consumo per capita) médio da livraria é de vinte reais, o do café é de seis reais, com lucro para ambas as empresas”, contabiliza Freire. Entre lojas próprias e terceirizadas, a Editora Nobel, em 60 anos de atividade tem 130 pontos de distribuição no Brasil, 30 em São Paulo, vendendo uma média de 260 mil livros por mês. “A meta é que cada uma delas venha aparelhada com um Vanilla Café, na medida em que suas áreas permitam”.

         Os casamentos não terminam aí. No caso da Vanilla/Nobel da Oscar Freire, há uma sutil paquera com a loja ao lado, a Davidoff, separadas apenas por uma cerca viva. Enquanto uma não vende charutos (Davidoff Bundle Robusto R$ 12, Avo Intrmezzo R$ 32, Spedial R R$ 55) a outra não é estruturada para oferecer empanadas (R$ 3,60), empadas (R$ 4,80), quiches (R$ 6), docinhos (R$ 3), para seus clientes. O resultado é uma útil troca de afagos.

            A casa oferece o Orpheu, a marca mais premiada da britânica Brazilian Special Coffees Association (BSCA), que emite certificados de qualidade para os cafés de exportação. Cerveja Baden Baden: pilsen (R$ 11), golden red e ale (R$ 12), weiss (R$ 20); uísque Red Label (R$ 9,90), Black (R$ 15,90). Tecle! 

Vanilla Café
Alameda Lorena 1835 Jardins
Tel: (11) 3081-4031


Suplicy
Alameda Lorena 1430 Jardins
Tel: (11) 3061-0195 

Millor
Rua Jericó 89 Vila Madalena (em frente ao Fórum de Pinheiros)
Tel: (11) 3813-0224 (encerrou as atividades) 

Armando Serra Negra






Rôti / Di Bistrô / Atelier Cit



Arte, talento e sensualidade se encontram na happy hour do restaurante Rôti. Quadros eróticos de Verena Matzen, em exposição, acentuam a alta culinária criativa – receitas afrodisíacas, coquetéis e entradas – do jovem chef João Leme.

         Formada em Belas Artes, Verena estudou mais dois anos em Paris. Participou da mostra no Musée del’Homme, em 1998, transferida para a Expo-Artuélle, no Líbano. Em 2000, foi a vez da Exposição Universal de Hannover, na Alemanha. Paris; ah! Paris.. também inspira os pratos de Leme, formado Cordon Bleue, em 1992. “A culinária está ligada à sedução; num jantar á luz de velas que o encontro há de brotar”, filosofa o cozinheiro. Principalmente, se a sugestão de entrada for ostra com tartar de manga e caviar (R$ 19), acompanhada com Chandon gelado (taça, R$ 13; garrafa R$ 52). “Não deixa de ser uma indireta para a garota, pois a ostra é tida como um viagra natural”. “Gosto do erotismo que permeia as pessoas por inteiro; o mundo é erótico, a vida é erótica”, dispara a artista, pinturas correndo paralelas à exposição Erótica, no Centro Cultural do Banco do Brasil.

Dividindo o atelier Cit, com a amiga ceramista Isabelle Tuchband, as moças fazem sucesso com obras e intervenções culturais na cidade: grande painel de azulejo na estação Santa Cruz do metrô. “Gosto de bebidas que levam gengibre”, revela a bela artista. Para satisfazer um paladar afiado, o simpático barman Anderson Blanco dá a dica, preparando um Amber : “60 ml de vodka Absolut Citron, 60 ml de suco de maçã, 5 ml de xarope de maçã verde, e uma bailarina (colher de cabo comprido para o preparo de coquetéis) de purê de gengibre; não há garota que resista” As receitas afrodisíacas começam aí: que tal um Bourbon Limonade – 50 ml de Wild Turkey, 30 ml de Cointreau, 80 ml de suco de frutas variadas, clube soda – ou um Rôti Spicy – 50 ml de Absolut Peppar, 4 morangos frescos e 1 cubo de melancia macerados, clube soda para quebrar a pimenta (todos em copo alto, muito gelo, R$ 14)? Experimente para ver no que dá. Você vai se sair bem!

         No ano passado foi Isabelle; nesse, foi Verena a escolhida para desenhar o rótulo do exclusivo vinho Di Reserva, feito especialmente para o restaurante Di Bistrô (chardonnay R$ 40, cabernet sauvignon R$ 55). Só pelo rótulo – inspiração Lautrec – já vale levar para casa. “O Cássio Machado deu o nome de Di ao bistrô, em homenagem a Di Cavalcanti; ele adora arte!”, comemora a gata. E como o vinho reúne, a principio, os quatro sentidos – a cor para a visão, o buquê para o olfato, a taça para o tato e o líquido para o paladar – criou-se o brinde, para alegrar a audição: tim-tim!

 

Rôti

Rua Lisboa 191 Pinheiros

Tel; (11) 3082-7904

 

Di Bistrô

Rua Jacurici 27 Vila Olímpia

Tel: (11) 3079-9098

 

Ateliê Cit

Rua Concelheiro Torres Homem 378 Jardins

Tel: (11) 3887-2720

 

Armando C. Serra Negra

 

 

Vianna Bar







         Primeiro era o Flores. Depois, em 2002, já sob a direção do Edson, em 2004 veio o bistrô Vianna: “O nome Flores estava micado!!!”. Desde então, elevou sua clientela em 120% (às terças-feiras a paquera ferve!). Numerologia? Talvez não... O novo homenageia a rua em que se localiza, quase esquina de dois importantes corredores viários – Jardins e Perdizes, Centro e Pinheiros. Outro poderoso dado para a formidável ascensão: “Nasci atrás do balcão do meu pai, dono de boteco de esquina; sempre trabalhei com alimentação!”. 


         MPB, Salsa, Merengue, embalam o chope Brahma diferenciado, gelado à base de nitrogênio, oferecendo uma textura mais cremosa. Esperto, pela confusão que sempre rola nos bares quanto ao tamanho do colarinho, resolveu o problema estabelecendo dois tipos: com (R$ 3,30) e sem (R$ 3,50), claro ou escuro. “Espuma de três dedos (padrão da Ambev) deixa o chope mais saboroso, faz bigode, o barril rende até 25% a mais de bebida”, contabiliza e justifica. Caipiroska (R$ 8,50) e meia de seda (gin, creme de cacau e creme de leite – R$ 10,50) são os aperitivos mais concorridos entre as damas.


         Decoração charmosa, clima descontraído, ambiente quase caseiro – o Edson sempre está lá – espelhos espalhados, balcão de mármore no canto, o velho truque das lousas indicando sugestões do cardápio (uma invenção do Ritz nos anos 80) fisgam o apetite pela curiosidade: spinakopitas (pão sírio, folhas de espinafre, parmesão ao forno R$ 13,90), wonton de frango (trouxinhas de massa de pastel recheadas c/ alho-poró, geléia de gengibre, lascas de pimenta dedo de moça R$ 14,50). Namoricos depois do cinema, troca de idéias, bate papo entre amigos... É lá!


Vianna
Rua Cristiano Viana 315 Jardins
Tel: (11) 3082-8228


Armando C. Serra Negra

 

Zepellin Bar






Tarefa impossível é voar no dirigível Ventura, da Goodyear, que passeia nos céus de São Paulo. Os voluntários seriam tantos que a empresa não daria conta. Foi pensando nisso que os empresários, boêmios de carteirinha, Edgar e Pena, criaram o Zeppelin Madalena. Um bar que se não voa, faz a imaginação voar. São tantos seus atrativos – um casarão de 1907, onde funcionou o Bar Bartolo durante anos – que fica difícil escolher o melhor. 

As luminárias – feitas sob encomenda e em forma de dirigível – iluminam suavemente uma coleção de fotos na parede, a maioria amealhada na internet. Sob os olhos do conde Ferdinand von Zeppelin – quepe de comandante, barba branca e sisuda, construtor da primeira aeronave de passageiros (ia de Frankfurt ao Brasil em três dias) – os românticos zepelins sobrevoam as principais capitais do mundo. Enquanto um passa sobre a Avenida São João do início do século, outro, pilotado por Santos de Dumont, em 1901, faz o vôo pioneiro ao redor da Torre Eiffel, ganhando o prêmio milionário. Pouco antes, seu colega voador Augusto Severo explodia com o PAX sobre Paris, virando nome de rua em Pigalle e selo postal no Brasil dos anos 70. Hindemburg pega fogo ao chegar em Nova York em 1937. “Os americanos tinham a fórmula do hélio (gás não inflamável), mas por estratégia de guerra – que se aproximava rapidamente – não a forneceram aos alemães, que usavam o perigoso hidrogênio, responsável pela tragédia”, informa Pena.

Com lugar para 160 pessoas, mesas e cadeiras de madeira, o belíssimo bar é iluminado com luz dicróica dirigida. O efeito é o contraste com a meia luz ambiente, ressaltando o brilho da boa quantidade de garrafas. Embora todos sejam atenciosos e simpáticos, alguns garçons são figurinhas carimbadas da noite paulistana. “Muitos clientes vêm aqui para reencontrá-los”, diz Edgar. Cidão começou no antigo Ópera Cabaré, no Bexiga: “era um restaurante com shows ao vivo, de Angela Maria, Edu da Gaita, Elza e Claudete Soares”, lembra. De lá, foi para o Palace, Rádio Clube e Bar Avenida. Quinho trabalhou no Riviera, reduto intelectual, fazendo amizade com vários cartunistas: Chico Caruso fez sua caricatura e Angeli inspirou-se nele para criar o barman Juvenal, confidente da (infelizmente “falecida”) Re Bordosa. Glauco foi outro. Nascimento e Silva 107, que se considera “mais rodado que mulher do Kilt”, passou pelo La Boheme, Baiúca, Supremo e Royal. O gerente Rai, com uma coleção de mais de 2500 pins alfinetados em seus quatro coletes, confessa: “demoro três horas e meia para fixá-los e sei quem meu cada um deles”. Conhecê-los, portanto, é outro atrativo. Mas não o último. Comes: Luís Inácio, anéis de lula doré (R$ 24); Virgulino, abóbora recheada com carne seca (R$ 15); Mocotó do Rai, caldinho revigorante (R$ 4,90). Bebes: chopp (R$ 3,30 e R$ 2,60); cachaças – mais de 50 tipos – Germana (R$ 5,50); Salina e Claudionor (R$ 4,10); capirinha (R$ 9,50); caipiroska (R$ 10,50); mojito (R$ 10,50). Solte as amarras do balão e aterrisse. 

 

Zeppelin Rua Aspicuelta 524 Tel: (011) 3814-8763  (atividades encerradas)
                                                      
                                                                                                     Armando C. Serra Negra




segunda-feira, 13 de junho de 2016

Villagio Café







         De fora, parece a fachada de uma oficina, porta de correr e tudo; um pequeno portão ao lado, alguns degraus apontam um comprido e estreito corredor. À direita, mesinhas sob as janelas, que garantem a ventilação do salão – e espiadinhas furtivas para ver se vale a pena entrar ou não. Se estiver à procura de um lugar sofisticado, pela própria descrição nem às janelas vai chegar; mas se for som ao vivo de primeira, gente simples e descontraída, papo-cabeça, balada e paquera, acertou na opção...


         Point meio underground, no fim da galeria de acesso, em vez de dar com o balcão do bar, recepcionista à porta para indicar uma das inúmeras mesinhas (100 pessoas sentadas), o que se dá é de cara com as toscas portas do banheiro, pia externa, toalha de enxugar as mãos de papel barato: “Ué, cadê a entrada?”. Vire-se! Einstein, Lennon, Gandhi, Raul Seixas e Groucho Marx – numa autêntica, rara e divertida caricatura de Spacca – estarão lhe dando as boas vindas!


         “Nossa proposta é exatamente essa, uma casa descontraída, sem frescura, charmosa e aconchegante, música de qualidade, temperada pela mais saborosa culinária de botequim”, aposta em suas receitas o proprietário do Villaggio Café. José Luiz Soares sugere: porções de bolinho de abóbora com carne seca (R$ 16,00), de pernil (R$ 18,00), caldo de mocotó para duas pessoas (R$ 7,00).


         Com o portão aberto há menos de um mês, o galpão está bombando: “Temos três mil clientes fiéis cadastrados no site, nossa inauguração, com show do Tavito, foi um arraso!”, comemora. E não é mágica que uma clientela tão graúda participe da mala direta de um bar que acaba de abrir, pois, na verdade ele apenas mudou de endereço... São 16 anos que o tradicional Villaggio Café vem animando a noite paulistana – morava no Bixiga – tornando-se referência musical no meio artístico, uma oportunidade (das segundas às quintas-feiras) para novos talentos: “O Sonneka, que acaba de emplacar uma música na novela da Record, começou aqui”, estala os dedos. Nesses dias, o espaço abriga os compositores “sem-mídia”, que propõe uma oxigenação do repertório nacional. Clima, então, mais intimista, não raro de apresentações solo. A quantidade de mesinhas, no único salão, dá, à primeira vista, uma sensação se superlotação, de um erro estratégico de acomodação da clientela. Ledo engano: “É justamente essa proximidade entre as mesas e cadeiras que incentiva a interação entre as pessoas, deixar a timidez de lado, fazer novos amigos, arranjar paquera”, garante Soares. 


         Por isso, se estiver sozinho, triste, cabisbaixo, brigou com a namorada, levante da poltrona, desligue a televisão e aventure-se! Na sexta-feira e no sábado é que bomba, no domingo a casa fecha. Bebidas: chope Brahma (R$ 3,70), uísque Old Eight (R$ 7,00), Bell’s (R$ 8,00), Red Label (R$ 12,00), caipiroska da casa (maracujá, morando e limão, R$ 10,00). Consumação artística: de R$ 5,00 a R$ 20,00.


Entre as inúmeras fotos que forram a parede de tijolinho à vista, Zé Rodrix dá adeus ao antigo e longevo logradouro. Bem vindo ao novo lar, Villaggio Café!


 


Villaggio Café Rua Teodoro Sampaio 1229 – Pinheiros


Tel: (11) 3571-3730                www.villaggio.com.br


 


Armando Serra Negra