À toa, com uma tubaína na mão. Bar tão cosmopolitano, popular, nem chique,
nem vulgar, melhor não pode ser. Saborear uma tubaína é sentir o pé na roça,
convidar uma dama à contradança ao som de viola, gaita e sanfona, em forró, ou
festa caipira, em dia de São João. E uma raridade na cidade grande, agora
encontrada na região da “baixa Augusta”. Só podia ser... Importada diretamente
do interior, o termo “tubaína” designa refrigerantes gasosos comercializados
por pequenas empresas familiares e regionais, de circulação restrita e preço
baixo. Há mais de cem anos à base de guaraná, hoje os xaropes se
diversificaram: de limão, morango, cereja, uva e até erva cidreira, a Inca Kola
(R$ 12/500ml) trazida no alforge de imigrantes andinos.
A fachada do Tubaína Bar é uma vitrina, facultando a decisão de se entrar
(caso o movimento esteja animado), ou não (dificilmente). O ambiente mistura
estilos adocicados, como os xaropes das
15 marcas oferecidas. Estrutura de cimento e aço, paredes pintadas de vermelho
e marrom, salpicadas de finas e eficientes arandelas, em latão, grandes
espelhos de moldura entalhada dourada, bem kitsh, mesas e cadeiras simples,
toscas e desparelhadas, de fórmica ou madeira, um cantinho aconchegante bric-à-brac,
com sofá e poltronas, convida um pequeno grupo a ficar mais à vontade. Toaletes
no mezanino, uma boa coleção de garrafas de tubaína enfeita a escada. “Nossa
proposta reflete a miscelânea cultural
de São Paulo, as várias tribos, culturas e etnias mescladas, polarizadas na
região da avenida Paulista, pois não há quem não passe por aqui”, diz a
proprietária Verónica Goyzueta. “E como queríamos um nome para o bar que
sintetizasse isso, e eu vivia falando das tubaínas da infância, acabou dando o
estalo!”, sorri a sócia Daniela Rocha Campos.
Muitos pais levam as crianças ao boteco, até um certo horário, para
experimentar o refresco. Foram atrás do produto, e inauguraram em junho de
2009, oferecendo apenas três rótulos. “As bebidas são regionais, e sua
distribuição é muito limitada; há alguns fabricantes que trazem pessoalmente as
encomendas do interior, em seus carros”. Aos poucos outros fornecedores foram
aparecendo. A marca mais antiga oferecida é a piracicabana Etubaína. “Meu
bisavô, Vicente Orlando, foi quem fundou a empresa, em 1913. Na época, ele
também fabricava uma balinha com esse nome”, conta Eduardo Orlando, 28 anos de
idade, à frente dos negócios. Ele comercializa 80 mil litros por mês, em três
tipos de garrafas. “Nossa distribuição não ultrapassa um raio de 30 km ao redor de Piracicaba,
e a caçulinha (190ml) é vendida, no varejo, em torno de R$ 0,50” , contabiliza. O preço
sobe no boteco (R$ 3,90), não só pela exclusividade, mas também pela
dificuldade logística em oferecê-lo.
Cardápio variado, as tubaínas podem acompanhar deliciosas porções de
coxinha de feijão (recheadas de linguiça e bacon – R$ 18), queijo coalho à
milaneza (com mel de engenho – R$ 18), ou pamonha frita (genuína de Piracicaba
– R$ 15). Coquetéis: Cosmopolitam do Agreste (cachaça ou vodka, tubaína de uva,
suco de maracujá, pimenta dedo de moça – R$ 15); Mojaína (versão do Mojito, com
tubaína de limão – R$ 15. Quem já provou o mais tradicional e popular
refrigerante brasileiro, agora pode saciar a saudade; quem nunca provou, pode
saciar a vontade. Saiba mais e
participe: http://confrariadastubainas.wordpress.com/
Tubaína Bar
Rua Haddock Lobo 74
ConsolaçãoTel: (11) 3129-4930
Armando Serra Negra
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