quinta-feira, 16 de junho de 2016

Tubaína Bar




À toa, com uma tubaína na mão. Bar tão cosmopolitano, popular, nem chique, nem vulgar, melhor não pode ser. Saborear uma tubaína é sentir o pé na roça, convidar uma dama à contradança ao som de viola, gaita e sanfona, em forró, ou festa caipira, em dia de São João. E uma raridade na cidade grande, agora encontrada na região da “baixa Augusta”. Só podia ser... Importada diretamente do interior, o termo “tubaína” designa refrigerantes gasosos comercializados por pequenas empresas familiares e regionais, de circulação restrita e preço baixo. Há mais de cem anos à base de guaraná, hoje os xaropes se diversificaram: de limão, morango, cereja, uva e até erva cidreira, a Inca Kola (R$ 12/500ml) trazida no alforge de imigrantes andinos.


A fachada do Tubaína Bar é uma vitrina, facultando a decisão de se entrar (caso o movimento esteja animado), ou não (dificilmente). O ambiente mistura estilos adocicados, como os xaropes  das 15 marcas oferecidas. Estrutura de cimento e aço, paredes pintadas de vermelho e marrom, salpicadas de finas e eficientes arandelas, em latão, grandes espelhos de moldura entalhada dourada, bem kitsh, mesas e cadeiras simples, toscas e desparelhadas, de fórmica ou madeira, um cantinho aconchegante bric-à-brac, com sofá e poltronas, convida um pequeno grupo a ficar mais à vontade. Toaletes no mezanino, uma boa coleção de garrafas de tubaína enfeita a escada. “Nossa proposta reflete  a miscelânea cultural de São Paulo, as várias tribos, culturas e etnias mescladas, polarizadas na região da avenida Paulista, pois não há quem não passe por aqui”, diz a proprietária Verónica Goyzueta. “E como queríamos um nome para o bar que sintetizasse isso, e eu vivia falando das tubaínas da infância, acabou dando o estalo!”, sorri a sócia Daniela Rocha Campos.  Muitos pais levam as crianças ao boteco, até um certo horário, para experimentar o refresco. Foram atrás do produto, e inauguraram em junho de 2009, oferecendo apenas três rótulos. “As bebidas são regionais, e sua distribuição é muito limitada; há alguns fabricantes que trazem pessoalmente as encomendas do interior, em seus carros”. Aos poucos outros fornecedores foram aparecendo. A marca mais antiga oferecida é a piracicabana Etubaína. “Meu bisavô, Vicente Orlando, foi quem fundou a empresa, em 1913. Na época, ele também fabricava uma balinha com esse nome”, conta Eduardo Orlando, 28 anos de idade, à frente dos negócios. Ele comercializa 80 mil litros por mês, em três tipos de garrafas. “Nossa distribuição não ultrapassa um raio de 30 km ao redor de Piracicaba, e a caçulinha (190ml) é vendida, no varejo, em torno de R$ 0,50”, contabiliza. O preço sobe no boteco (R$ 3,90), não só pela exclusividade, mas também pela dificuldade logística em oferecê-lo.


Cardápio variado, as tubaínas podem acompanhar deliciosas porções de coxinha de feijão (recheadas de linguiça e bacon – R$ 18), queijo coalho à milaneza (com mel de engenho – R$ 18), ou pamonha frita (genuína de Piracicaba – R$ 15). Coquetéis: Cosmopolitam do Agreste (cachaça ou vodka, tubaína de uva, suco de maracujá, pimenta dedo de moça – R$ 15); Mojaína (versão do Mojito, com tubaína de limão – R$ 15. Quem já provou o mais tradicional e popular refrigerante brasileiro, agora pode saciar a saudade; quem nunca provou, pode saciar a vontade.  Saiba mais e participe:  http://confrariadastubainas.wordpress.com/


Tubaína Bar
Rua Haddock Lobo 74 Consolação
Tel: (11) 3129-4930


Armando Serra Negra


 

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