segunda-feira, 13 de junho de 2016

Villagio Café







         De fora, parece a fachada de uma oficina, porta de correr e tudo; um pequeno portão ao lado, alguns degraus apontam um comprido e estreito corredor. À direita, mesinhas sob as janelas, que garantem a ventilação do salão – e espiadinhas furtivas para ver se vale a pena entrar ou não. Se estiver à procura de um lugar sofisticado, pela própria descrição nem às janelas vai chegar; mas se for som ao vivo de primeira, gente simples e descontraída, papo-cabeça, balada e paquera, acertou na opção...


         Point meio underground, no fim da galeria de acesso, em vez de dar com o balcão do bar, recepcionista à porta para indicar uma das inúmeras mesinhas (100 pessoas sentadas), o que se dá é de cara com as toscas portas do banheiro, pia externa, toalha de enxugar as mãos de papel barato: “Ué, cadê a entrada?”. Vire-se! Einstein, Lennon, Gandhi, Raul Seixas e Groucho Marx – numa autêntica, rara e divertida caricatura de Spacca – estarão lhe dando as boas vindas!


         “Nossa proposta é exatamente essa, uma casa descontraída, sem frescura, charmosa e aconchegante, música de qualidade, temperada pela mais saborosa culinária de botequim”, aposta em suas receitas o proprietário do Villaggio Café. José Luiz Soares sugere: porções de bolinho de abóbora com carne seca (R$ 16,00), de pernil (R$ 18,00), caldo de mocotó para duas pessoas (R$ 7,00).


         Com o portão aberto há menos de um mês, o galpão está bombando: “Temos três mil clientes fiéis cadastrados no site, nossa inauguração, com show do Tavito, foi um arraso!”, comemora. E não é mágica que uma clientela tão graúda participe da mala direta de um bar que acaba de abrir, pois, na verdade ele apenas mudou de endereço... São 16 anos que o tradicional Villaggio Café vem animando a noite paulistana – morava no Bixiga – tornando-se referência musical no meio artístico, uma oportunidade (das segundas às quintas-feiras) para novos talentos: “O Sonneka, que acaba de emplacar uma música na novela da Record, começou aqui”, estala os dedos. Nesses dias, o espaço abriga os compositores “sem-mídia”, que propõe uma oxigenação do repertório nacional. Clima, então, mais intimista, não raro de apresentações solo. A quantidade de mesinhas, no único salão, dá, à primeira vista, uma sensação se superlotação, de um erro estratégico de acomodação da clientela. Ledo engano: “É justamente essa proximidade entre as mesas e cadeiras que incentiva a interação entre as pessoas, deixar a timidez de lado, fazer novos amigos, arranjar paquera”, garante Soares. 


         Por isso, se estiver sozinho, triste, cabisbaixo, brigou com a namorada, levante da poltrona, desligue a televisão e aventure-se! Na sexta-feira e no sábado é que bomba, no domingo a casa fecha. Bebidas: chope Brahma (R$ 3,70), uísque Old Eight (R$ 7,00), Bell’s (R$ 8,00), Red Label (R$ 12,00), caipiroska da casa (maracujá, morando e limão, R$ 10,00). Consumação artística: de R$ 5,00 a R$ 20,00.


Entre as inúmeras fotos que forram a parede de tijolinho à vista, Zé Rodrix dá adeus ao antigo e longevo logradouro. Bem vindo ao novo lar, Villaggio Café!


 


Villaggio Café Rua Teodoro Sampaio 1229 – Pinheiros


Tel: (11) 3571-3730                www.villaggio.com.br


 


Armando Serra Negra



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