De
fora, parece a fachada de uma oficina, porta de correr e tudo; um pequeno
portão ao lado, alguns degraus apontam um comprido e estreito corredor. À
direita, mesinhas sob as janelas, que garantem a ventilação do salão – e
espiadinhas furtivas para ver se vale a pena entrar ou não. Se estiver à
procura de um lugar sofisticado, pela própria descrição nem às janelas vai
chegar; mas se for som ao vivo de primeira, gente simples e descontraída,
papo-cabeça, balada e paquera, acertou na opção...
Point
meio underground, no fim da galeria de acesso, em vez de dar com o balcão do
bar, recepcionista à porta para indicar uma das inúmeras mesinhas (100 pessoas
sentadas), o que se dá é de cara com as toscas portas do banheiro, pia externa,
toalha de enxugar as mãos de papel barato: “Ué, cadê a entrada?”. Vire-se!
Einstein, Lennon, Gandhi, Raul Seixas e Groucho Marx – numa autêntica, rara e
divertida caricatura de Spacca – estarão lhe dando as boas vindas!
“Nossa
proposta é exatamente essa, uma casa descontraída, sem frescura, charmosa e
aconchegante, música de qualidade, temperada pela mais saborosa culinária de
botequim”, aposta em suas receitas o proprietário do Villaggio Café. José Luiz
Soares sugere: porções de bolinho de abóbora com carne seca (R$ 16,00), de pernil
(R$ 18,00), caldo de mocotó para duas pessoas (R$ 7,00).
Com
o portão aberto há menos de um mês, o galpão está bombando: “Temos três mil
clientes fiéis cadastrados no site, nossa inauguração, com show do Tavito, foi
um arraso!”, comemora. E não é mágica que uma clientela tão graúda participe da
mala direta de um bar que acaba de abrir, pois, na verdade ele apenas mudou de
endereço... São 16 anos que o tradicional Villaggio Café vem animando a noite
paulistana – morava no Bixiga – tornando-se referência musical no meio
artístico, uma oportunidade (das segundas às quintas-feiras) para novos
talentos: “O Sonneka, que acaba de emplacar uma música na novela da Record,
começou aqui”, estala os dedos. Nesses dias, o espaço abriga os compositores
“sem-mídia”, que propõe uma oxigenação do repertório nacional. Clima, então,
mais intimista, não raro de apresentações solo. A quantidade de mesinhas, no
único salão, dá, à primeira vista, uma sensação se superlotação, de um erro
estratégico de acomodação da clientela. Ledo engano: “É justamente essa
proximidade entre as mesas e cadeiras que incentiva a interação entre as
pessoas, deixar a timidez de lado, fazer novos amigos, arranjar paquera”,
garante Soares.
Por
isso, se estiver sozinho, triste, cabisbaixo, brigou com a namorada, levante da
poltrona, desligue a televisão e aventure-se! Na sexta-feira e no sábado é que
bomba, no domingo a casa fecha. Bebidas: chope Brahma (R$ 3,70), uísque Old
Eight (R$ 7,00), Bell’s (R$ 8,00), Red Label (R$ 12,00), caipiroska da casa (maracujá,
morando e limão, R$ 10,00). Consumação artística: de R$ 5,00 a R$ 20,00.
Entre as
inúmeras fotos que forram a parede de tijolinho à vista, Zé Rodrix dá adeus ao
antigo e longevo logradouro. Bem vindo ao novo lar, Villaggio Café!
Villaggio Café Rua Teodoro Sampaio 1229 – Pinheiros
Tel: (11) 3571-3730 www.villaggio.com.br
Armando Serra Negra
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