quinta-feira, 16 de junho de 2016

Zepellin Bar






Tarefa impossível é voar no dirigível Ventura, da Goodyear, que passeia nos céus de São Paulo. Os voluntários seriam tantos que a empresa não daria conta. Foi pensando nisso que os empresários, boêmios de carteirinha, Edgar e Pena, criaram o Zeppelin Madalena. Um bar que se não voa, faz a imaginação voar. São tantos seus atrativos – um casarão de 1907, onde funcionou o Bar Bartolo durante anos – que fica difícil escolher o melhor. 

As luminárias – feitas sob encomenda e em forma de dirigível – iluminam suavemente uma coleção de fotos na parede, a maioria amealhada na internet. Sob os olhos do conde Ferdinand von Zeppelin – quepe de comandante, barba branca e sisuda, construtor da primeira aeronave de passageiros (ia de Frankfurt ao Brasil em três dias) – os românticos zepelins sobrevoam as principais capitais do mundo. Enquanto um passa sobre a Avenida São João do início do século, outro, pilotado por Santos de Dumont, em 1901, faz o vôo pioneiro ao redor da Torre Eiffel, ganhando o prêmio milionário. Pouco antes, seu colega voador Augusto Severo explodia com o PAX sobre Paris, virando nome de rua em Pigalle e selo postal no Brasil dos anos 70. Hindemburg pega fogo ao chegar em Nova York em 1937. “Os americanos tinham a fórmula do hélio (gás não inflamável), mas por estratégia de guerra – que se aproximava rapidamente – não a forneceram aos alemães, que usavam o perigoso hidrogênio, responsável pela tragédia”, informa Pena.

Com lugar para 160 pessoas, mesas e cadeiras de madeira, o belíssimo bar é iluminado com luz dicróica dirigida. O efeito é o contraste com a meia luz ambiente, ressaltando o brilho da boa quantidade de garrafas. Embora todos sejam atenciosos e simpáticos, alguns garçons são figurinhas carimbadas da noite paulistana. “Muitos clientes vêm aqui para reencontrá-los”, diz Edgar. Cidão começou no antigo Ópera Cabaré, no Bexiga: “era um restaurante com shows ao vivo, de Angela Maria, Edu da Gaita, Elza e Claudete Soares”, lembra. De lá, foi para o Palace, Rádio Clube e Bar Avenida. Quinho trabalhou no Riviera, reduto intelectual, fazendo amizade com vários cartunistas: Chico Caruso fez sua caricatura e Angeli inspirou-se nele para criar o barman Juvenal, confidente da (infelizmente “falecida”) Re Bordosa. Glauco foi outro. Nascimento e Silva 107, que se considera “mais rodado que mulher do Kilt”, passou pelo La Boheme, Baiúca, Supremo e Royal. O gerente Rai, com uma coleção de mais de 2500 pins alfinetados em seus quatro coletes, confessa: “demoro três horas e meia para fixá-los e sei quem meu cada um deles”. Conhecê-los, portanto, é outro atrativo. Mas não o último. Comes: Luís Inácio, anéis de lula doré (R$ 24); Virgulino, abóbora recheada com carne seca (R$ 15); Mocotó do Rai, caldinho revigorante (R$ 4,90). Bebes: chopp (R$ 3,30 e R$ 2,60); cachaças – mais de 50 tipos – Germana (R$ 5,50); Salina e Claudionor (R$ 4,10); capirinha (R$ 9,50); caipiroska (R$ 10,50); mojito (R$ 10,50). Solte as amarras do balão e aterrisse. 

 

Zeppelin Rua Aspicuelta 524 Tel: (011) 3814-8763  (atividades encerradas)
                                                      
                                                                                                     Armando C. Serra Negra




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