A mais paulistana das ruas, a Rua Augusta, é a que mais histórias tem para contar. O Z Carniceria é personagem de um novo capítulo, intérprete da revitalização da zona chamada “baixa Augusta”. Cada vez mais botecos descolados, de todas as tribos (universitários, modelos, artistas, yuppies, emos, tatooies, gays, etc.) passam a dividir as calçadas com as butiques de trajes eróticos, cabelereiros que funcionam de madrugada, bares de esquina, inferninhos e bordéis, pano de fundo para o trotoir .
Tal cosmopolitismo, é amálgama raramente encontrado em qualquer outra parte do mundo. Assim é a Rua Augusta, espelho perfeito do paulistano, música cantada por Ronnie Cord (letra de Hervé Cordovil), na estréia da Jovem Guarda, em 1963. Com refrão que gruda na memória feito chiclé, o motorista da canção desce a rua a 120 por hora em direção ao Centro (passando bem em frente ao Z Carniceria), e não dos bairros elegantes da metrópole, que agora completa 456 anos, em rara sequencia numeral.
A metamorfose que a rua Augusta vem passando, como um polo alternativo entre a sofisticação dos bares da Vila Olímpia e a intelectualidade da Vila Madalena, não é expontânea, mas devido à visão de um outro “cacique”, José Tibiriçá. “Sempre fui apaixonado pela região, e um dia me perguntei por que não montar uma casa noturna aqui; quando tentava achar um sócio, me diziam que eu era maluco”, recorda. Mas a estrela brilhou, um amigo abraçou a idéia, e nasceu a discoteca Vegas, em 2005. Foi o inicio da virada, atraindo a moçada que inspirou outros empresários a abrirem novos bares, como o Astronot, Tapas, Pub Bar. Tibiriça entrou na dança, montando o Z Carniceria. Logo na entrada, o photoshop colocou um cigarro na boca do Roberto Carlos, em foto da capa do LP, de 1966, É Proibido Fumar.
“Desde os anos 50 aqui era um açougue; mas com a abertura do supermercado em frente, o negócio fechou”, conta. Contatando o açogueiro dono do imóvel, alugou o espaço e aproveitou muito do que encontrou, cutelos, ganchos, pranchas, tabuleiro de preços, para a ambientação. Assim, o que era o Açougue Z virou o Z Carniceria, um boteco estilo bric-à-brac, que serve uma coxinha deliciosa, predileta do cantor Erasmo Carlos. A receita é um segredo da cozinheira Dadá: R$ 19,00. Coquetel Mad Butcher (vodka, licor de pessego, suco de maracujá, pimenta dedo de moça) R$ 15,90; caipirinha, R$ 12,90; cerveja long neck R$ 6,00. Som: jazz, rock, ska, beep bop, big bands, yê yê yê: vai, vai, Johnny! Vai, vai, Alfredo! Quem é da nossa gangue não tem medo!
Z Carniceria
Rua Augusta 934 Centro
Tel: (11) 2936-0934
Armando Serra Negra
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