segunda-feira, 18 de julho de 2016

Acelere a Vespa no Spazio Gastronômico!


Você que ama scooter, ou mesmo possui uma, e ainda não foi ao Spazio Gastronômico, não sabe o que está perdendo. Funcionando há 11 anos no Itaim Bibi e introdutor do pão ciabatta no cardápio paulistano de lanches rápidos, o lugar estabeleceu raízes profundas. Essas qualidades indiscutíveis servem de palco para uma atração inusitada: os irmãos e proprietários Kiko e Fábio Parente amam scooters mais do que você!
Tanto que durante anos amealharam uma coleção única de Lambrettas e Vespas – de diferentes anos e modelos, em perfeito estado de conservação – expostas num pequeno museu anexo ao bar, livre para visitação. Essas motonetas, originais da Itália do pós-guerra, têm uma história semelhante. Ambas vieram atender a necessidade de locomoção  da população arrasada, sendo um veículo barato, com estepe, fácil de dirigir por homens e mulheres (de saia) e a vantagem de não sujar a roupa. Em tempo: a Lambretta foi o primeiro veículo fabricado no Brasil, mesmo antes dos automóveis, em 1955. A Vespa foi fabricada aqui nos anos 80, em Manaus, com licença da Piaggio concedida à (fábrica de bicicletas) Caloi.


Com projeto de Rosana Buonerba, do que foi a principio uma rotisseria, o Spazio Gastronômico tornou-se um belo e requintado bar, seguindo o conceito de vila italiana: tijolinho à vista e jardim aparente. O happy hour acontece um pouco mais tarde, a partir das 19h30. “O maioria dos freqüentadores trabalha na região, em escritórios de advocacia, agências de publicidade e bancos de investimento”, conta Kiko. Entre seus clientes mais assíduos estão o subprefeito Andrea Matarazzo (uma antiga amizade de família), o publicitário Roberto Justus e muitas vendedoras da Daslu, que escolhem o lugar para descontrair. Reuniões de negócios também acontecem, como a última, organizada por Eduardo “Don” Alcântara Machado.

As especialidades culinárias – receitas garimpadas na Itália – incluem: porção de calabresa na chapa (R$ 15,30); mortadela italiana (R$ 17,80); crostini (R$ 15,00). As etílicas: uísque nacional (R$ 7,60); 8 anos (R$ 10,50); 12 anos (R$ 14,00); caipirinha tropical (R$ 6,00); chopp (R$ 3,60, mini R$ 2,90). Acelere!
 
Spazio Gastronômico
Av. Horácio Lafer 533 Itaim Bibi
Tel: (011) 3078-9439
 
Armando C. Serra Negra

Quiproquó no Bar Leo...


Quid pro quod (quiproquó): equívoco, confusão, comédia de erros. A expressão latina se aplica perfeitamente quando a fama sobe à cabeça e os ânimos se exaltam. Encontre um gênio multi-midia – como poucos no Brasil – num boteco popularmente famoso, mas que falha no atendimento de um garçom, e veja no que dá:
            O Bar Léo – tido como o melhor chope da cidade – tem histórias para contar em seus 64 anos de existência. “Jânio Quadros sempre almoçava aqui; um dia viu um repórter que tinha descido a lenha nele, e não deu outra: levantou da mesa e saiu correndo atrás do safado!”, diverte-se Luís de Oliveira, 84 anos de idade. Trabalhando no Léo há 42 anos, mesmo aposentado, o “ouro da casa” não sai de lá... Uma simpatia!
O artista genial Guto Lacaz 


Lacaz, sentado à mesa, chapéu panamá, pediu um sanduíche. Formador de opinião, personagem importante da intelectualidade paulistana, colaborador da imprensa por mais de 16 anos com suas divertidas ilustrações (oito na ex-coluna de Joyce Pascovitch, na Folha de S. Paulo, e outros oito na revista Caros Amigos, da qual é fundador) – é fartamente solicitado para intervenções artísticas públicas. “’Garoa Modernista’, rolou na Pinacoteca do Estado em homenagem aos 450 anos de São Paulo”, conta. Passados quinze minutos, pediu novamente o sanduíche.




Atualmente, o “Professor Pardal” – como é conhecido à boca pequena – ministrou curso de arte cênica para montagem do cenário da ópera Cosi Fan Tutti (de Mozart) no Instituto Tomie Ohtake; outro, para artistas, de Introdução à Escultura Cinética. Entre outras instituições acadêmicas, foi professor de comunicação visual na PUC Campinas. Inspirado no grafiteiro Alex Vallauri (1949-1987) criou figuras impagáveis, em metal, como “Trabalhador”, “Mago”, “Cometa”. Mais quinze minutos, enérgico pediu seu sanduíche pela terceira vez. O garçom foi mal educado, peitou o cliente, deu-lhe as costas e saiu andando. Mas outro garçom, rapidamente, trouxe o famigerado.
Jacaré mal tirado
O bar é em estilo tirolês, charmoso, para 60 pessoas. Os sanduíches em pão francês, de rosbife com queijo, ou pernil, são ótimos, cortados em pedacinhos para petiscar (R$ 8,00); bolinhos de bacalhau (R$ 3,70). No famoso chope (R$ 3,70) o colarinho é alto: “A espuma serve para evitar que o gás escape, deixando-o mais suave”, explica o gerente Waldemar Pinto. Estranhamente, o bar já ganhou diversas vezes o certificado da Real Academia do Chope, da Ambev, por sua qualidade, embora a Brahma cobre uma padronização de três dedos de espuma cremosa (20 ml) na tulipa. O de lá – servido na caldereta – tem quatro ou cinco... comparativamente, com muito menos líquido na taça; ou seja, muito mal tirado.  
Mas como uma das frases antológicas do Léo registrada em seu site é “Aqui o chope é assim, se você não gosta não tem problema, na padaria vende cerveja sem colarinho, basta atravessar a rua”, Lacaz foi até lá e tomou a sua (R$ 2,70) geladinha, feliz da vida. Afinal, com diploma ou sem diploma, um colarinho deve ser tirado ao gosto do cliente, não é? Nota zero para o Bar Leo. Carpe diem (aproveite o dia)!

 

Bar Leo

Rua Aurora 100  Sta. Efigênia

Tel: (11) 221-0247

www.barleo.com.br

 

Lanchonete Minas de Ouro

Rua dos Andradas 135 Sta. Efigênia

Tel: (11) 223-5127

 

Armando C. Serra Negra

Liége - Balada na Sala de Visitas


        
Sala de visitas. Não é um bar, mas serve deliciosas comidinhas e bebidinhas. Não é um bar porque não há uma equipe de atendimento. Não é um bar porque não espera clientes, apenas amigos. Não é um bar porque não é voltado para paqueras. Mas é um bar que funciona às quintas-feiras para uma Vip Hour, exclusiva a convidados. Mas vamos por partes: você se surpreenderá em ter-se tornado um deles!  

         A) Charuteiro, alma boêmia e consultor de negócios do consulado canadense, a partir de 1999 Márcio Monteiro reuniu alguns colegas para baforarem, semanalmente, através dos bares da cidade. “Telefonávamos para saber se os charutos eram permitidos, pois ainda havia muita restrição de fumá-los em público”, lembra.

  

B) Liège, esposa, encadernadora de livros raros, perita na feitura de álbuns – passagem por renomado laboratório de restauro em Madri, com bolsa endossada por José e Gita Mindlin – precisava de um escritório bem situado para exercer a profissão. Encontraram  uma casa espaçosa nos Jardins e mudaram-se para lá. Garimpeira entusiasta de antiguidades, sempre atrás de curiosidades e quinquilharias, já no hall de entrada (passando pelas mesinhas externas, boas de papo em noites amenas), uma confortável cadeira de dentista adianta-se ao simpático balcão dando as boas vindas. Duas ou três mesinhas, na parede, entre fotos de filmes, quadros a óleo de pin-ups, uma lousa-cardápio indica com inusitado bom humor: long-necks Skol (R$ 3) e Bohêmia (R$ 4), caipirinhas de vodka ou pinga, Cuba Libre, Bloddy Mary (R$ 9), Red Label (R$ 12), Conversa Boa (grátis), Conversa Ruim (não tem). Estante de livros repleta de gibis antigos (Lucky Luck, Mortadelo e Salaminho, Tintim), os quadrinhos da turma da Mônica transportam-se alegremente para o revestimento do vaso sanitário: toillete com frascos de farmácia repletos de grãos coloridos, sementes e especiarias. De passagem para a sala de estar, uma vitrine com brinquedos do arco-da-velha marca a transição entre as propostas ambientais. Pena que nada do que se vê esteja à venda (embora aceite-se possíveis escambos); apenas compõe a decoração lúdica e primorosa de um lar feliz... No amplo lounge rebaixado, elegante, tipo descontraído, jardinzinho ao fundo, sofás, poltronas e pufs dão livre trânsito às novas amizades: “É difícil vir aqui e não conversar com alguém”, palpita Liège.

        
C) “Sempre gostei de receber, e logo que mudamos para cá armei o balcão. Além de servir de terapia estar atrás dele, nosso grupo estava exausto de pagar couvert artístico, deixar carro com manobrista ou flanelinha, pagar mais caro pelo consumo; optamos por nos reunir aqui”, explica o barman experimental. Coquetéis simples, pilotados com arte, a coqueluche é o porquinho de barro no qual ele flamba a lingüiça na cachaça (R$ 12). Torradinhas c/ salame espanhol ou salmão coberto de queijo cremoso (R$ 12). A idéia pegou e mais amigos começaram a aparecer. Aumento da demanda, a confraria sugeriu-lhe cobrar pelo que propunha. O casal continuou recebendo em casa, mas agora as contas pagas para ajudar no orçamento: “Não temos um bar no sentido exato da palavra; você jamais o verá entre os 50 da Vejinha, ou qualquer  outra coluna de serviço; abrimos espaço para o Diário do Comércio porque seus leitores formam (seguindo nossa proposta) um público seleto”. Viu só? Aproveite o convite, mas lembre-se: apenas às quintas-feiras, quando – eventualmente – rola um som ao vivo!

 

Liège Monteiro Oficina de Arte

Alameda Tietê 90 casa 3 Jardins

Tel: (11) 3085-8715
(encerrou atividades)

 

Armando C. Serra Negra

 

 

 

   

sexta-feira, 15 de julho de 2016

É Banda Elétrica no Magnólia !






Engenheiros elétricos soltam faíscas no Magnólia Villa Bar. Esquina íngreme, em frente a grande árvore de pracinha na encruzilhada, a casa velha de tijolinho fecha portas e janelas quando o som bomba. Cinquentões maneiros, sem aposentar os instrumentos – e nem vão – dedilham, teclam e batucam cada oportunidade de apresentação. Amigos aplaudem, a clientela se agita, o bar fatura. “O que é um músico sem plateia?”, indaga o batera Álvaro Telles. O Magnólia tem gafieira, samba e MPB ao vivo de terça a domingo, as quartas-feiras reservadas para rock e blues (couvert 25,00). Quando bombou essa garotada grisalha. Foram duas bandas: o vocal da Side Blues Band por conta da afinada enfermeira Daniela Pena, e a Clock Rock Band plagiando as iniciais do Colégio Rio Branco, onde alguns dos ex-alunos iniciaram os acordes. O mais eletrizante é que, em ambas, há três engenheiros elétricos diferentes ligados na tomada!



Clock Rock Band
Alta voltagem dos ritmos transviados e dourados, décadas de 50 a 70, não guardaram acento. Bandas veteranas amadoras – hobby de empresários, executivos e profissionais liberais – aprimoraram o talento, guardando o entusiasmo adolescente em formol. Até que os polos, positivo e negativo, se encostam, e o frasco explode no palco... Eletrólito das memoráveis e velozes notas musicais, elétrons e pósitrons colidem, e todos se levantam e dançam, formando um campo magnético no meio da pista. Os amperímetros endoidecem.

Mesas de madeira escondem as pernas de cadeiras desaparelhadas, vindas de “família muda e vende tudo”. Pilar em terracota, reclames emoldurados de Biotônico, panelas Rochedo, óleo Salada e dentifrício Mentasol, arrepiam publicitários no uso da palavra. Uma flâmula de cerveja Bohemia (R$ 8,40) tremula ao ventilador bisbilhoteiro: girando para cá e para lá areja o salão. Armazém singelo, caixa com grade de ferro, balcão de madeira, prateleira de garrafas e a popular bomboneira que roda, provável garimpo em vilas do interior. Como o indica o nome do bar. Mais quinquilharias e bugigangas. Painel translúcido de foto de São Paulo antiga, bondes e fordecos estacionados na Praça da Sé, o relógio analógico com dígitos romanos marca 13h50. Folhagens transparecem de uma estrutura de madeira e vidro ao fundo, rampa certa para o fumódromo abaixo, e bem vindo. Filamentos incandescentes nos lustres de vidro e cristal barato, auxiliados por lampiões pequenos de latão, esparramam o amarelo difuso que bem ilumina. Corrente alternada: On – quentão gelado (vodka ou cachaça, lima, gengibre, e hortelã – R$ 21,50), caipirinha (R$ 16,50), caipiroska (R$ 18,50); Off – bolinhos de beringela (R$ 24,80), coxinhas de creme (R$ 27,40), pasteizinhos (R$ 23,60). Rock atômico!





 

Magnólia Villa Bar

Rua Marco Aurélio 884 – Lapa

Tel: (11) 3463-4994

GPS: 23º32’4.6” S / 46º4’50’’ W


Armando C. Serra Negra

 

 

Frango Com Tudo / Lilian Gonçalves


Dama-da-noite (cestrum nocturnum): delicadas pétalas brancas e macias inundam, com doce e marcante perfume, a alma dos boêmios. Tradução perfeita para Lilian Gonçalves, personagem das mais importantes da vida noturna paulistana. Nasceu do brilho de uma estrela: “Sou filha de Nelson Gonçalves”, orgulha-se. Família simples, mineira, mudou-se para Brasília em 1958, a mãe cozinhando a “galinhada do JK”. Origem do boato que a diverte até hoje: “Eu era uma gatinha mitíssimo mais nova, e ele um grande sedutor...”. O desmentido saiu na revista Flash, por ocasião da mini-série da Globo, em que foi interpretada pela atriz Mariana Ximenes.

        Empresaria de sucesso – autora do livro Dicas de Sucesso Para Novos Empresários (Ed. Abrather) – largou a carreira de cantora romântica na virada dos 70, porque “queriam que eu cantasse Julio Iglesias, mas minha onda era country”. Nessa época circulava pela cidade numa limusine Landau branca, feita exclusivamente para ela: “Sempre fui marqueteira!”, sorri. Sangue de pai cantor e mãe cozinheira, enveredou pelo lado materno abrindo sua primeira casa, chamada Lalynka, servindo café e pão de queijo. Os mesmos que derretiam na boca de Juscelino. Depois veio o prosaico Boca da Angélica, comida baiana, que passou para a frente.
Lilian Gonçalves

        O sucesso veio com o Biroska, chique, curioso, ótimo de paquera, firme no ponto há mais de 30 anos. Um ponto que foi se alastrando tanto, que acaba de inaugurar o Frango Com Tudo – a sexta casa no mesmo quarteirão, em Santa Cecília. Outro acerto: Cecília é a santa padroeira da música, e música é o que não falta em seu mundo... Ambiente cool, parede de tijolinhos brancos, arandelas vermelhas, freqüentado na happy hour por executivos, médicos, estudantes da Santa Casa e do Mackenzie. Entre o delicioso frango assado, primorosamente decorado na bandeja com saladas e legumes (R$ 20), saboreiam a casquinha de frango grelhada (R$ 6), a lingüiça de metro (R$ 18) e o imperdível pão de alho recheado com catupiry, que é 10, mas só custa R$ 5. São criações do simpático chef Ronaldo, que vem á mesa cumprimentar os clientes com a elegante saudação hindu, namastê. O lado divertido de Lilian fica por conta do uniforme dos garçons, um chapéu que é a cara de um frango! Skol Beats (R$ 4), caipirinha (R$ 6), caipiríssima (R$ 7), caipiroska (R$ 8), Teacher (R$ 6,50), Red (R$ 9,50), Black (R$ 11). Está frio? 15 caldos e cremes (R$ 6, em média).

    
    A empresária emprega 400 funcionários, com capital de giro de R$ 500 mil/mês. Com todo esse glamour artístico-empresarial, Lilian está longe de ser figurinha difícil: “Um dia, já de saída, foi dar tchau para um grupo que bebia descontraidamente na calçada; tocou na garrafa de cerveja, viu que não estava geladinha, e foi, ela mesma, até o balcão, voltando com uma cumbuca de gelo para eles” comenta um admirador. Batendo papo com todos, é uma simples mulher, mãe para os corações solitários. “Meu maior império são os meus amigos... este é o meu maior orgulho”, autografa num livro. Em homenagem ao Dia das Mães,viva Lilian Gonçalves!

 

Frango Com Tudo

Rua Canuto do Val 115 Santa Cecília

Tel: (11) 3338-2525

 

Armando C. Serra Negra            

A Cerveja Mais Gelada do Mundo: Luiz Nozoie










Luiz Nozoie

Aos domingos, Luiz e Shizue Nozoie fecham o bar e descem a serra. Da praia do Perequê, no Guarujá, zarpam de toque-toque alugado (R$ 100,00) para pescar de anzol. “Quando tem cardume, trazemos até 100 kg. de peixe-espada, uma de nossas especialidades”, diz. São oferecidos no espetinho à milanesa (R$ 2,50). O boteco, com cara de boteco, é realmente especial...
           
A começar pela origem: “Há 43 anos abri uma sorveteria, mas o pessoal queria só cerveja”. Então, o engenhoso Luiz, 74 anos de idade, aproveitou a serpentina da antiga sorveteira, e  encheu-a de salmoura. Mantida a -18ºC, ali vai mergulhando os puçás, com até 36 garrafas de cada vez: Bohemia, Serramalte e Original (R$ 4,50). Em 15 minutos atingem uma temperatura próxima de 0ºC: “Mais que isso ‘congera e garafa exprode’”, explica no sotaque.

            Quem prepara as finas iguarias – peixes à moda brasileira – é seu filho; esposa, filha, nora e genro ficam no balcão e servem as mesas. Cebola enrolada em sardinha crua (R$ 1,20 cada), uma delícia; Porção de polvo ao molho vinagrete, cortado bem fininho (R$ 17,00), outra delícia. “Tem um prato raro, que ele só oferece para os vips”, segreda Paulão, um cliente assíduo. Trata-se de lulas recheadas com um segredo de família, também à base de vinagrete (preço variável, conforme o tamanho do molusco). Pessoas de todas as regiões de São Paulo vão lá conhecer o bar, e não há quem resista. Voltam sempre. A única  decoração está nas paredes, forradas de reportagens: “A primeira, da revista Playboy em 1984, trouxe uma barbaridade de gente!”, comemora. E como lá os acepipes japoneses são escassos, um brinde ao velhinho e sua família nesse idioma, com a melhor das vodkas (Stolichnaya envolta numa camada de 8 cm. de gelo  - R$ 8,00). Kampai!
Bar do Luiz Nozoie/ Avenida do Cursino 1210  / Jardim da Saúde Tel: (11) 5061-4554
Armando C. Serra Negra

             

      

        

             
      

















quinta-feira, 14 de julho de 2016

Miller Goddard & Cia Ltda


Quando Charles Miller trouxe da Inglaterra a primeira bola de futebol, jamais imaginaria que a porta de seu futuro escritório – a Miller, Goddard & Cia. – se transformasse, muitas décadas depois, na entrada de um simpático boteco. Um dos mais bonitos da cidade.

“Garimpando velharias, encontrei a bela porta de madeira art decô; estava roída por cupins, mas o vidro com o nome da firma intacto”, conta Babi, antiquária e designer de móveis. Sem saber ainda a que “Miller” a porta pertencia, restaurou-a devido à raridade do vidro, sobrevivente de uma época glamurosa sem um único arranhão. E dele emprestou o nome, inaugurando seu bar em 1992.

“Apaixonado por futebol, meu marido desconfiava que o móvel fosse mesmo de Charles Miller”. A solução do mistério veio logo,  quando Carlos Rudge Miller Jr. – “Charles Miller” para os amigos – pisou no pub pela primeira vez.   

“A porta era da firma do meu avô, em sociedade com Edward Goddard”, revela. Representante da Mala Real Inglesa, dedicada ao comércio exterior, tinha no café a mercadoria principal e a Praça da República como endereço.


O bar, concebido e desenhado por Babi, segue o estilo do começo do século XX: simpática varanda (teto retrátil) dando para a avenida, piso de azulejo hidráulico, mesinhas de madeira com lindas pinturas e cadeiras de cowboy. Filé amanteigado (R$ 29,60), cogumelos variados ao vapor (R$ 32,30), camembert c/ alho grelhado (34,00), são porções deliciosas para duas pessoas.

O que mais ressalta na elegante decoração são as vitrines que forram as paredes, especialmente as de vidro abaulado, estreita passagem para uma sala privée. Num canto do salão, palco de música ao vivo – rock anos 60, 70, 80, blues, jazz (couvert artístico de R$ 8,00 a R$ 20,00, dependendo do dia) – a moçada bomba. Um grande e bem humorado relógio sobre o bar centraliza prateleiras com 60 rótulos de uísque e 20 de cachaça. Feito sob encomenda, o mostrador repete o número cinco: “É a hora do chá inglês e do antigo happy hour”, brinca, afirmando que um happy hour pode acontecer a qualquer momento: “basta amigos se reunirem para jogar conversa fora, saboreando um drinque!”. Uísque 8 anos (R$ 12,50), 12 anos (R$ 17,00); chopp (R$ 3,80).

“Meu avô era um amante do futebol e jamais imaginou o esporte como comércio; ele se decepcionaria muito com a cartolagem de hoje”, conta Charles bebericando o seu. Filho de John – engenheiro escocês que veio para o Brasil trabalhar na construção da estrada de ferro Santos – Jundiaí (idealizada pelo Barão de Mauá), Charles William Miller (1874 -1953) nasceu em São Paulo, num sítio do Brás. Com 10 anos de idade foi estudar na Inglaterra, voltando 10 anos depois: 1894 é considerado o ano da introdução do futebol no País. “Ele trouxe duas bolas – para o caso de uma furar – e foi o primeiro brasileiro a jogar na Europa”, diverte-se o rapaz, equilibrando uma na testa. DNA de quem entende o gingado.

Charles Miller Neto
Época de futebol amador, a Liga Inglesa ainda estava se formando. Relativamente conhecido no além-mar, Miller, baixinho e troncudo – apelidado “Nipper”, garoto rápido, habilidoso – o drible “chaleira” (puxar a bola com o pé e chutar com o calcanhar por trás da outra perna) vem de seu nome. Chegou a jogar no famoso Corinthian Football Club, de onde vem o nome do maior time paulistano. “Meu avô procurou introduzir o jogo entre seus amigos e colegas de trabalho, ensinando regras e dribles”, diz Charles, santista roxo. 

Delimitaram o primeiro campo na Várzea do Carmo (região da Estação da Luz), e tinham que espantar as vacas pastando, durante as partidas. Centro-avante, Miller driblou até 1906, passando para árbitro até 1914. Espantou-se com a velocidade com que o esporte bretão se alastrou por aqui: como rastilho de pólvora, no final do século XIX já havia uma torcida considerável, com mais de três mil espectadores. Homens de fraque e mulheres de chapéu – como no turfe – assistiam às “peladas” entre o time do SPAC (São Paulo Atlhetic Club – criado por ele) e o do Mackenzie, a primeira agremiação fundada por brasileiros, em 1896. Creditou à mistura de raças o talento do futebol nacional.

Casado com com Antonieta Rudge – pianista virtuose, casada em segundas núpcias com o escritor modernista Menotti del Picchia (autor de Juca Mulato) – teve dois filhos: Carlito (pai de Charles) e Helena. Assim, como domingo é o Dia dos Pais, brindemos à memória do grande Charles Miller, pai do futebol brasileiro: olé! 

 

Miller, Goddard & Cia.

Avenida Morumbi 8163 Brooklin

Tels: (11) 5535-5007 / 5096-2707

 

Armando C. Serra Negra


 

 

 

 

2meetU Dorothy Parker Club


        
Pelo menos uma vez por mês, uma antiga reivindicação dos adultos foi atendida: uma balada descolada, empolgante, e promissora, começando em horário adequado. Logo após a happy hour, e bem antes da 00h00, como é praxe da galera turbinada. “Notamos que era um grande anseio da idade ‘não confiável’, cantada por Elis Regina”, brinca a DJ Ana John, esquentando os dedos. “Programamos o encontro a partir das 21h00, para quem está com mais de 30 anos e adora dançar, mas pode badalar até altas horas”, engata a bela promoter Viviane Zimmermann. O talento e a animação da dupla criou o evento 2meetU – com destaque para solteiros e descasados – rolando no sofisticado Dorothy Parker Club.
Lara Gerin e Ana John


            Entrada de pé direito triplo, após a segurança e o registro, papel de parede estampado, provavelmente roxo, espelhos sobreviventes de algum tiroteio, em molduras douradas, espalham-se. À esquerda, o bar, em nicho com duas confortáveis poltronas de couro macio, criado mudo provençal, anos 50, do Liceu de Artes e Ofícios, é descanso para os copos: cerveja long neck Stella Artois (R$ 11), baby Chandon (R$ 32), Supply Martini (Cointreau, vodka, licor de maçã verde – R$ 22). O ambiente remete aos speak easies americanos dos anos 20 (barzinhos clandestinos da época da Lei Seca), staff uniformizada em estilo gângster. “É importante vir com o estomago forrado, porque a casa só oferece bebidas”, alerta Viviane. A paz é mantida por uma equipe alinhada de sete seguranças.

Ana John comanda o equalizador, mixando as perucas o tempo todo (são 12 de diferentes cores). Brilhante DJ, dedilha os pads no ritmo esperado, deslizando-os para cima e para baixo frenética, o melhor da música dos anos 70, Soul, House, Jazz e Rythm 'n' Blues. Nada de bate estaca! Serve-se do aparelho como um pianista de seu instrumento: “Sempre fui apaixonada por LPs, nasci ouvindo American Music (Nat King Cole, The Platters, Frank Sinatra) e Bossa Nova; aos treze anos fui estudar piano”, confessa. A velha guarda desconta o tempo de abstinência, bailando alegre na pista. Óculos à Elton John e pulseiras luminosas de brinde! Sob um grande globo de cristal, ela centraliza um anfiteatro, um grande balcão de bar, um palco para a mesa de som, outro para pocket shows, um sofá com poucas mesas e pufs. “Os ingressos para a festa custam R$ 100 para homens e R$ 50 para mulheres, com direito à consumação”, acena a promoter. Os preços são levemente mais acessíveis aos rotineiros da casa (R$ 120 e R$ 90).

Mais espelhos: atenção para não trançar as pernas, devido à divertida ilusão que eles provocam à entrada dos banheiros. Resposta à pergunta grafitada em vermelho, no muro externo da área de fumantes: Dorothy Dottie Parker (1893-1967) foi uma escritora que não levava desaforo para casa. Era a única mulher de um grupo de intelectuais da pesada, dos anos 20 e 30, que se reunia para um uisquinho todas as noites no luxuoso The Hotel Algonquin, em Nova York. Irreverente e frasista de mão cheia, cuidado com esta: “Mulheres e elefantes nunca esquecem”.

 

2meetU

festa2meetu.blogspot.com

 

Dorothy Parker Club

Alameda Lorena 2119

Tel: (11) 3062-7654

 

Armando C. Serra Negra

 

terça-feira, 12 de julho de 2016

Bar Mercadão - Moema





 
         Como reza a física quântica, um mesmo corpo pode estar em dois lugares são mesmo tempo; isso já foi até fotografado (assista ao filme “Quem Somos Nós”, em cartaz). Tal fenômeno realizou-se no bairro de Moema, afirmando-se cada vez mais como um pólo de entretenimento noturno. Lá duplicou-se – há pouco, e em versão miniatura – nada menos que o Mercado Municipal de São Paulo, com seus quitutes e charme, o vitral da deusa Ceres dando boas vindas a quem chega. Um presentão de papai Noel!
         Reinaldo Abramovai, grande experiência no ramo – instalou filiais da doçaria Amor aos Pedaços em Portugal e nos EUA (Chicago e Miami) – e foi por anos locatário de boxes no Mercado (fundado no Glicério na década de 20), mexendo com pães, secos e molhados. Autodidata em cozinha atende a festas de grandes empresas, como as automobilísticas Mercedes-Benz, Audi, Toyota. Também preparou finas iguarias para o aniversário de Athina Onassis, agora Miranda. Um belo currículo. “Chefe é quem faz faculdade ou curso específico; banqueteiro é quem não é formado”, explica. Foi daí que surgiu a happy hour do seu próprio Mercadão, um espaço anteriormente alugado para a instalação do buffet: “Tinha a idéia de transformá-lo num bar, mesclando o primeiro andar do Mercado Municipal tradicional, com o segundo dos botecos, e o incentivo veio da minha namorada (a ex-modelo Ana Paula Costa)”. O artista culinário cuida da parte gastronômica, a gata a administrativa.
Os preços dos secos e molhados são muito mais em conta: o quilo do pistache nos supermercados, por exemplo, está na faixa de R$ 89; lá R$ 46. Os de castanha-do-pará (R$ 39), avelã (R$ 64) e nozes (R$ 19,80), são a pedida para quem deixou as compras da ceia para a última hora. O Mercadão abre amanhã até às 18hs. Feitas as compras, um bom vinho. Com mais de 200 rótulos pode-se degustá-los nas mesinhas do bar, ao preço das gôndolas, sem pagar rolha. Logo, mais barato do que em qualuer outro lugar... O mesmo com os petiscos, frutas, biscoitos, destilados, cervejas, etc: Original, Bohemia, Skol, Antártica (R$ 4,80).  A parte etílica fica ao comando do barman Fernando Panetone, craque do flair (malabarismo com garrafas) e prestidigitação (mágicas). Prepara, atrás de seu belo e nobre balcão, caipirinha (R$ 7,00), caipiroska (R$ 9,00) e a criativa saquerita de manga com hortelã (R$ 9,00), boa para o verão. Por falar em panetone, a casa estréia marca própria (R$ 14 c/ 500 grs), uma novidade a experimentar. Principalmente se acompanhado pelo doce borbulhar do champagne (Salton Brüt, R$ 24,70). Feliz Natal!
Mercadão
Avenida das Gaivotas 1339
Tel: (11) 5049-2809
Armando C. Serra Negra



Bar Mercearia São Roque


Em 1951, quando a Rua Amauri – no Jardim Europa – ainda não era asfaltada e a Avenida Nove de Julho era calma e tranqüila, a mercearia São Roque atendia seus fregueses vendendo de chinelos a panelas. O armazém viu a cidade crescer e se transformar, até que em 1990 o sr. Alberto, português e dono do local, passou o ponto para cinco amigos realizarem o sonho de montar um bar.
Nasceu assim o ponto de encontro de gente bonita, elegante e charmosa, sem perder essas características, mesmo 15 anos depois: “o Mercearia iniciou a tendência dos pratos caseiros, uma fórmula vitoriosa, seguida por muitos outros lugares”, pontua o artista plástico Black Linhares, um freqüentador assíduo  desde a inauguração. Com várias exposições no currículo, em galerias e bares de São Paulo, e também na Europa (já vendeu quadros para Ruizito Mesquita, Gastãozinho Vidigal, José Wilker, Paulo Autran e outros), Black percebeu que “o bar é da turma do uísque!”.

Elegante, simples e despojado, a marca registrada do Mercearia é a frondosa seringueira da calçada, projetando sua sombra benfazeja sobre os habituées das tardes ensolaradas. À noite, o frescor que emana inspira muita paquera, entre as melhores bebidinhas – uísque 8 anos (R$ 9,80) e 12 anos (R$ 16,10); caipirinha de Peachtree (R$ 11,60); saquerita (R$ 8); caipirinha de Sagatiba (R$ 5,30); e comidinhas – croquete de cenoura (R$ 9,80); pastel misto (R$ 10,70); bolinho  de arroz (R$ 8); filé à milanesa – c/ arroz, purê de batata e feijão (R$ 20,60); salmão do Mercearia – c/ semente de papoula, pesto e batata sotê (R$ 25,10). “Tivemos que podar a árvore porque estava inclinando perigosamente sobre o imóvel”, conta Kiko Gallucci, proprietário do bar. Mas ela já está florescendo novamente, garantindo sua imponência para o próximo verão.
Tão eclético quanto o cardápio são os freqüentadores: desde Mari Alexandre (que adora almoçar lá) até o senador Pedro Piva. Daniela Ciccarelli (pré-Ronaldinho), Aurinho de Moura Andrade, Guilhermina Guinle, Bia Barros, Lu Normando, Ruizito Mesquita, Gioconda e Maria Clara Bordon, entre outros, também não saem de lá...  “Somos quase uma confraria, um lugar cheio de amigos, de gente bonita e desestressada, que vêm aqui – de segunda a segunda – se divertir”, resume Gallucci. O Mercearia São Roque da Amauri (há também o do Jockey, do Alto da Boa Vista e de Campos do Jordão) é um lugar incomparável. Criando sólidas raízes, como a majestosa árvore fronteiriça,  mostrou que veio para ficar... Visite!
 


Bar Mercearia São Roque:
Rua Amauri 35 Jardim Europa
Tels: 3085-6647 / 3062-2612
 

Armando C. Serra Negra

Viva o Centro ! Vá ao Miquelina !






A cada ano o público é brindado com inúmeros bares e restaurantes novos, geralmente inaugurados antes das festas, entre novembro e dezembro. Seguem o adágio da entrada com o pé direito, pulando as sete ondinhas. Um deles é o Miquelina Bar e Arte, especial pela proposta: “Estamos na fronteira entre os bairros e o centro”, explica Lorival Weckwerth, um dos sócios, tomando uma iniciativa de  nível, diante da revitalização do centro de São Paulo.
Na única cidade do mundo em que o metro quadrado central é menos valorizado do que o periférico, ele criou um boteco transado e inspirado em épocas passadas: localização, decoração, iluminação, atendimento, menu, animação com musica ao vivo, reunidos numa casa antiga finamente restaurada. Estratégia inteligente: bancos, escritórios e órgãos públicos de um lado (Câmara dos Vereadores, Fórum João Mendes etc), teatros do outro (Imprensa, Abril, Bibi Ferreira, Oficina, TBC), o Miquelina é ponte entre as regiões. “Traremos a boemia paulistana de volta à origem”. Posters de jazzistas aguardam os clientes a partir das 17h30, despedindo-se do último quando vai embora. No palco, os conjuntos afinam os instrumentos a partir das 21h00 nas quintas, sextas e sábados, no vão da escada art-nouveau, acesso para os outros dois andares.


Privilegiando a distribuidora Pernot Riccard (proprietária da Seagram), além de 20 outros rótulos, têm preços promocionais para doses do uísque irlandês Jameson (R$ 9,00), e escoceses Chivas Reagal 12 anos (R$ 12), 18 anos (R$ 25) e Royal Salute 21 anos (R$ 70); este, destilado à saúde da rainha Elizabeth II, por sua coroação em 1953, e sob a salva de 21 tiros de canhão.
O empresário não cede à cartelização: “A Imbev não permite trabalhar com outras cervejas – nacionais ou importadas – que não sejam de sua linha, e não estamos a fim de atar o rabo com ninguém”. Por isso, o bar é dos poucos a oferecer a Itaipava, fabricada em Petrópolis, que vem ampliando cada vez mais seu mercado devido à higiene incomparável das latinhas. As únicas com “camisinha” – papel alumínio envolvendo a tampa – protegem os consumidores do contágio por leptospirose, doença fatal transmitida por urina de rato. Entre as vítimas, o pai de Daniella Sarahyba, modelo de renome internacional, quando a menina tinha apenas 10 anos de idade. Questão de saúde pública, a precaução deveria ampliar-se a todas as latas, sem exceção, por lei. Sede: long neck loira (R$ 3,00), morena (R$ 3,50); caipirinha (R$ 8,00), caipiroska (R$ 9,00). Fome: picadinho da madrugada (R$ 16), picanha aperitivo (R$ 21), mix de cogumelos (R$ 22). Seja recebido pelo sorriso de Érika à porta, penacho na cabeça ao estilo can-can, e curta o centro!






Miquelina Bar e Arte
Rua Francisca Miquelina 306 Bela Vista
Tel: (11) 3107-5506
(checar se está em funcionamento)
Armando C. Serra Negra


Che Bella Mortadella !



Che bella mortadella! E há melhor que a do boteco? Bem, depende do boteco... Embutido de segunda categoria até os anos 1970, Sofia Loren alçou-a ao estrelato na comédia italiana La Mortadella (1971), de Mario Monicelli (1915-2010). Com Willian Davane e Danny de Vito, a diva fica retida na alfândega de Nova York, impedida de entrar no país devido a uma mortadela gigante que trouxe para o noivo. Como as leis norte-americanas são extremamente rígidas com o desembarque de comestíveis, La Loren põe-se a comer a sua, atraindo os holofotes. No vasto cardápio da charcutaria, não há páreo para a mortadela: talvez seja difícil – ou impossível – estabelecer preferências, mas é fato que não existe um bar ou restaurante voltado exclusivamente para um embutido, que não seja ela. Embora também apresente opões extra-curiculares, como sanduíche de bacalhau (com lascas, azeite extravirgem e tempero especiais – R$ 17), de sardinha escabeche (assadas e curtidas com temperos e ervas finas – R$ 10), ou de pernil artesanal (temperado, R$ 17) tão bom e bem mais graúdo, que o do Bar Estadão (R$ 10), o boteco Mortadela Brasil, no mezanino do Mercado Municipal, é campeão. A começar pela marca oferecida, Marba, alternativa gastronômica ao padrão de qualidade da Ceratti.


A palavra charcutaria é de origem francesa medieval – “chair cuit” – remetendo à “carne picada e cozida”, vendida exclusivamente nas charcuteries, uma arte de preparo da carne de seis mil anos, muito popular na Roma antiga, e daí espalhando-se pelo resto da Europa. A mortadela é um derivado da salsicha, temperado com murta – um arbusto de cheiro agradável – em vez de pimenta, e designada pelos romanos como farcimem mirtatum. Tal os melhores presuntos crus produzidos em Salamanca, na Espanha, ou em Parma e San Danieli, na Itália, o título de melhor mortadela do mundo também vai par os italianos, de Bolonha. Mas a do Mercadão...


“Recebemos o pãozinho francês sob encomenda, em dimensões especiais para o recheio caprichado, evitando o desmonte no manuseio”, especificam os sócios e irmãos José Maurício e José Carlos Freitas: 20cmX9cm, com 250g de iguarias. É uma refeição! Mas impossível de comer um só: Junior (100g, R$ 7); Brazuca (o mais vendido – bacon crocante, queijo cheddar e alface americana) e O Fenômeno (o preferido do jogador, pasta de gorgonzola, provolone fatiado, queijo prato, cream cheese e alface americana) – ambos com 80g de queijo parmesão e mortadela bologna – designação protegida, de acordo com as normas da União Européia (R$ 15). Água mineral (R$ 2,50), chope (claro e escuro, R$ 5,50), sucos naturais (R$4,00 a R$ 5,50). Entrada também aos domingos e feriados, até as 16h00, e sábados até as 18h00. O último cliente fecha a porta. Buon appetito!



Mortadela Brasil - Mercado Municipal
Rua da Cantareira 306
Mezanino / box 4
Tel: (11) 3311-0024
Armando C. Serra Negra  

Nossa Senhora !


Nossa Senhora! Que cervejinha gelada e que comidinha gostosa! Nossa Senhora! Quem diria que há um bar tão gostoso e tão charmoso, bem aqui, no meio do Morumbi...

Apesar de escondidinho, na Rua Dom Armando Lombardi (que começa na Avenida Francisco Morato, perto do Shopping Butantã, e termina quase na Praça Vinicius de Moraes, em frente ao Palácio do Governo) o Nossa Senhora! vive cheio de gente bonita e descolada.

 “Nossa intenção foi proporcionar para os moradores, da ponte para cá, comida e bebida de qualidade, além de relax após um dia cheio”, conta Cláudio Azambuja, referindo-se às pontes Eusébio Matoso, Cidade Jardim e Morumbi, que passam sobre a Marginal Pinheiros.

Ele e Paco Serra compraram o Nossa Senhora há um ano. “O bar já existia, mas a decoração era toda de santos e imagens sacras, que não combinavam com o ambiente descontraído que queríamos. Mudamos tudo, acrescentamos uma interjeição ao nome... e o sucesso veio!”, brinda Cláudio.

A mãe de Paco, Tucha Serra, é a decoradora de mão cheia, responsável pela agradável e suave ambientação do Nossa Senhora! Em estilo contemporâneo, logo na entrada há um antigo e sugestivo relógio de ponto afixado na parede. E não são raros os amigos e amigas da casa que lá “batem o ponto” diária e noturnamente.

Algumas esculturas coloridas e super modernas pairam penduradas no teto, junto com outras peças raras. O balcão é generoso, de madeira, e há uma TV sempre ligada, mais como uma peça de decoração, pois não emite som algum. O papo rola solto na harmonia da música ambiente. Mas ela pode se tornar útil, contudo, quando os programas forem imperdíveis, como finais de copa, torneios e campeonatos.

O serviço é impecável e simpaticíssimo, há um número adequado de garçons – como o Hélio, que veio da casa antiga - mas a única garçonete é a Marcinha, a mascote do pedaço, amiga e confidente.

As opções de comes e bebes são criativas e valem o preço. As cervejas, uma surpresa: nada de long neck! Bohêmia e Original são oferecidas em garrafas de 750 ml, a R$ 4,40; Erdinger é oferecida a imbatíveis R$ 10,00; o Bull Shot, um dos drinques mais pedidos, R$ 12,00; o Caju Amigo – igual ao do Pandoro – R$ 9,00. Para acompanhar e forrar o estômago, deliciosos pastéis de siri – dez unidades de massa sequinha e crocante – a R$ 13,50; ostras pequenas de Cananéia, R$ 20,00 a dúzia. “O motivo crucial de termos escolhido esse ponto é a calma da região e a abundância de estacionamento, que não se têm na Giovanni”, diz Cláudio, referindo-se à Avenida Giovanni Groncchi, perto dali. Aos sábados a feijoada é concorrida, a R$ 21,00.

 

Nossa Senhora!

Rua Dom Armando Lombardi 784  Morumbi

Tel: 3721-4927  

 

Armando C. Serra Negra