segunda-feira, 11 de julho de 2016

Saudoso Pandoro...




         Pan... doro! Não é à toa que o mais antigo e tradicional bar dos Jardins tem esse nome. Nascido em 1953, em frente ao Bolinha (que tem a melhor feijoada), e onde havia a confeitaria Italdoce, dela herdou a arte de fazer o melhor panforte (RS 28 c/ 450 g) da cidade. Criado no Veneto no século V – região norte da Itália –  esse panetone rijo é o mais sofisticado e saboroso para a ceia de Natal. Os cookies de amareto (R$ 12 c/ 150 g) não ficam atrás, e o panetone ainda não está com o preço de 2005 definido, mas tão bom quanto os da Di Cunto.
         “Pegávamos o bonde nº 45 na Praça das Bandeiras, descíamos a Rua Augusta até o ponto final, na Praça do Vaticano, a poucos metros do Pandoro”, lembra o trajeto que fazia com os amigos Roberto Olival Costa, para ir tomar o imbatível Caju Amigo (R$ 11,90). Além do coquetel, inventado pelo barman Fumaça em 1955 – copo alto, vodca, gelo e caju, para ser comido, etilizado, quando o drinque termina – o bar e restaurante também é responsável por outras criações, que fazem as happy hours. Por exemplo, o provolone à milanesa (R$ 15), de 1958, e o misto quente no croissant doce (R$ 5,50).
         Nessa longa sobrevivência – comparada apenas com a churrascaria Rodeio (1958) e a lanchonete Frevo (1956) – muitas histórias da velha boemia rolaram: “Uma vez Ayrton Bacellar (playboy de carteirinha – namorou belíssima Tânia (dona do Kilt e rainha do baixo clero) – saiu daqui tão bêbado, que pegou o táxi, e, perguntado pelo motorista aonde ia, disparou: ‘jamais saberás!’”, ri o industrial Renato Ferro. “O Cola (primo do jornalista César Giobbi) tinha a mania de ir embora com o carro dos outros, achando que era dele; minha irmã tinha que sair da cama, de madrugada, para vir trocar”, reclama a esposa Puppy, filha de um grande usineiro de Piracicaba, Lino Morganti, petiscando deliciosa casquinha de siri (R$ 12).

Caju Amigo
Freqüentado por todos os governadores, de Adhemar de Barros a Mario Covas (e aí, Geraldo?), nunca dispensou a clientela vip: João Saad, da Band, Toni Ramos, da Globo, Débora Duarte, Andrea Beltrão, Supla, Emerson e Wilsinho Fittipaldi. Carros e motos sempre estiveram ligados ao Pandoro. “Uma vez eu e o Tide (Vidigal) saímos para o Rio de Janeiro, um de Daulphine, o outro de Romiseta; não é que ela foi parada por excesso de velocidade?”, diverte-se o solteirão Joy Correa. O primeiro veículo brasileiro – projeto italiano inspirado numa geladeira – tinha 200 cc e não ultrapassava 85 km/h... “Aos sábados, as turmas de moto vêm para o café da manhã, antes de pegarem a estrada”, diz Miraldo Macedo, um dos proprietários. Ele mesmo é uma lenda, história de sucesso: “Comecei comim em 1960, fui para garçon, barman, maitre, gerente; em 1989, tornei-me sócio”. No caminho, formou-se em administração de empresas, com pós-graduação da Universidade de Cornell, ministrada no Senac.
Tornando-se corredor das mais importantes marcas importadas, não só o aluguel da casa chegou à faixa dos R$ 40 mil mensais, como domingo é dia de carro bacana na avenida: “Mercedes, Audi, Jaguar, Porshe, Maseratti, Ferrari se reúnem para trocar figurinhas – só o ronco deles vale US$ 50 mil...” brinca. Escola de boemia para os jovens, mulher bonita é o que não falta... Acelere!  
 
Pandoro
Avenida Cidade Jardim 60
Tel: (11) 3083-0399 (encerrou as atividades)
Armando C. Serra Negra  


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