Pan... doro! Não é à toa que o mais
antigo e tradicional bar dos Jardins tem esse nome. Nascido em 1953, em frente
ao Bolinha (que tem a melhor feijoada), e onde havia a confeitaria Italdoce,
dela herdou a arte de fazer o melhor panforte (RS 28 c/ 450 g) da cidade.
Criado no Veneto no século V – região norte da Itália – esse panetone rijo é o mais sofisticado e
saboroso para a ceia de Natal. Os cookies de amareto (R$ 12 c/ 150 g) não ficam
atrás, e o panetone ainda não está com o preço de 2005 definido, mas tão bom
quanto os da Di Cunto.
“Pegávamos o bonde nº 45 na Praça das
Bandeiras, descíamos a Rua Augusta até o ponto final, na Praça do Vaticano, a
poucos metros do Pandoro”, lembra o trajeto que fazia com os amigos Roberto
Olival Costa, para ir tomar o imbatível Caju Amigo (R$ 11,90). Além do coquetel,
inventado pelo barman Fumaça em 1955 – copo alto, vodca, gelo e caju, para ser
comido, etilizado, quando o drinque termina – o bar e restaurante também é
responsável por outras criações, que fazem as happy hours. Por exemplo, o
provolone à milanesa (R$ 15), de 1958, e o misto quente no croissant doce (R$
5,50).
Nessa longa sobrevivência – comparada
apenas com a churrascaria Rodeio (1958) e a lanchonete Frevo (1956) – muitas
histórias da velha boemia rolaram: “Uma vez Ayrton Bacellar (playboy de
carteirinha – namorou belíssima Tânia (dona do Kilt e rainha do baixo clero) –
saiu daqui tão bêbado, que pegou o táxi, e, perguntado pelo motorista aonde ia,
disparou: ‘jamais saberás!’”, ri o industrial Renato Ferro. “O Cola (primo do
jornalista César Giobbi) tinha a mania de ir embora com o carro dos outros,
achando que era dele; minha irmã tinha que sair da cama, de madrugada, para vir
trocar”, reclama a esposa Puppy, filha de um grande usineiro de Piracicaba, Lino
Morganti, petiscando deliciosa casquinha de siri (R$ 12).
Freqüentado por todos os governadores, de Adhemar de Barros a Mario Covas
(e aí, Geraldo?), nunca dispensou a clientela vip: João Saad, da Band, Toni
Ramos, da Globo, Débora Duarte, Andrea Beltrão, Supla, Emerson e Wilsinho Fittipaldi.
Carros e motos sempre estiveram ligados ao Pandoro. “Uma vez eu e o Tide
(Vidigal) saímos para o Rio de Janeiro, um de Daulphine, o outro de Romiseta;
não é que ela foi parada por excesso de velocidade?”, diverte-se o solteirão
Joy Correa. O primeiro veículo brasileiro – projeto italiano inspirado numa
geladeira – tinha 200 cc e não ultrapassava 85 km/h... “Aos sábados, as turmas
de moto vêm para o café da manhã, antes de pegarem a estrada”, diz Miraldo
Macedo, um dos proprietários. Ele mesmo é uma lenda, história de sucesso:
“Comecei comim em 1960, fui para garçon, barman, maitre, gerente; em 1989,
tornei-me sócio”. No caminho, formou-se em administração de empresas, com pós-graduação
da Universidade de Cornell, ministrada no Senac.
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Caju Amigo |
Tornando-se corredor das mais importantes marcas importadas, não só o
aluguel da casa chegou à faixa dos R$ 40 mil mensais, como domingo é dia de
carro bacana na avenida: “Mercedes, Audi, Jaguar, Porshe, Maseratti, Ferrari se
reúnem para trocar figurinhas – só o ronco deles vale US$ 50 mil...” brinca.
Escola de boemia para os jovens, mulher bonita é o que não falta... Acelere!
Pandoro
Avenida Cidade
Jardim 60
Tel: (11)
3083-0399 (encerrou as atividades)
Armando C. Serra Negra
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