segunda-feira, 18 de julho de 2016

Liége - Balada na Sala de Visitas


        
Sala de visitas. Não é um bar, mas serve deliciosas comidinhas e bebidinhas. Não é um bar porque não há uma equipe de atendimento. Não é um bar porque não espera clientes, apenas amigos. Não é um bar porque não é voltado para paqueras. Mas é um bar que funciona às quintas-feiras para uma Vip Hour, exclusiva a convidados. Mas vamos por partes: você se surpreenderá em ter-se tornado um deles!  

         A) Charuteiro, alma boêmia e consultor de negócios do consulado canadense, a partir de 1999 Márcio Monteiro reuniu alguns colegas para baforarem, semanalmente, através dos bares da cidade. “Telefonávamos para saber se os charutos eram permitidos, pois ainda havia muita restrição de fumá-los em público”, lembra.

  

B) Liège, esposa, encadernadora de livros raros, perita na feitura de álbuns – passagem por renomado laboratório de restauro em Madri, com bolsa endossada por José e Gita Mindlin – precisava de um escritório bem situado para exercer a profissão. Encontraram  uma casa espaçosa nos Jardins e mudaram-se para lá. Garimpeira entusiasta de antiguidades, sempre atrás de curiosidades e quinquilharias, já no hall de entrada (passando pelas mesinhas externas, boas de papo em noites amenas), uma confortável cadeira de dentista adianta-se ao simpático balcão dando as boas vindas. Duas ou três mesinhas, na parede, entre fotos de filmes, quadros a óleo de pin-ups, uma lousa-cardápio indica com inusitado bom humor: long-necks Skol (R$ 3) e Bohêmia (R$ 4), caipirinhas de vodka ou pinga, Cuba Libre, Bloddy Mary (R$ 9), Red Label (R$ 12), Conversa Boa (grátis), Conversa Ruim (não tem). Estante de livros repleta de gibis antigos (Lucky Luck, Mortadelo e Salaminho, Tintim), os quadrinhos da turma da Mônica transportam-se alegremente para o revestimento do vaso sanitário: toillete com frascos de farmácia repletos de grãos coloridos, sementes e especiarias. De passagem para a sala de estar, uma vitrine com brinquedos do arco-da-velha marca a transição entre as propostas ambientais. Pena que nada do que se vê esteja à venda (embora aceite-se possíveis escambos); apenas compõe a decoração lúdica e primorosa de um lar feliz... No amplo lounge rebaixado, elegante, tipo descontraído, jardinzinho ao fundo, sofás, poltronas e pufs dão livre trânsito às novas amizades: “É difícil vir aqui e não conversar com alguém”, palpita Liège.

        
C) “Sempre gostei de receber, e logo que mudamos para cá armei o balcão. Além de servir de terapia estar atrás dele, nosso grupo estava exausto de pagar couvert artístico, deixar carro com manobrista ou flanelinha, pagar mais caro pelo consumo; optamos por nos reunir aqui”, explica o barman experimental. Coquetéis simples, pilotados com arte, a coqueluche é o porquinho de barro no qual ele flamba a lingüiça na cachaça (R$ 12). Torradinhas c/ salame espanhol ou salmão coberto de queijo cremoso (R$ 12). A idéia pegou e mais amigos começaram a aparecer. Aumento da demanda, a confraria sugeriu-lhe cobrar pelo que propunha. O casal continuou recebendo em casa, mas agora as contas pagas para ajudar no orçamento: “Não temos um bar no sentido exato da palavra; você jamais o verá entre os 50 da Vejinha, ou qualquer  outra coluna de serviço; abrimos espaço para o Diário do Comércio porque seus leitores formam (seguindo nossa proposta) um público seleto”. Viu só? Aproveite o convite, mas lembre-se: apenas às quintas-feiras, quando – eventualmente – rola um som ao vivo!

 

Liège Monteiro Oficina de Arte

Alameda Tietê 90 casa 3 Jardins

Tel: (11) 3085-8715
(encerrou atividades)

 

Armando C. Serra Negra

 

 

 

   

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