Hoje é dia de Reis, de desmontar a árvore de natal, guardar o presépio e tirar a guirlanda da porta de casa. Fim da folia iniciada no 24 de dezembro, celebração da visita de Belchior, Baltazar e Gaspar, os três reis magos vindos do Oriente atrás de uma estrela misteriosa. Louvaram com ouro, incenso e mirra o deus-menino, nascido numa manjedoura de Belém. Porque, então, não brindar o primeiro fim de semana de 2006 com um caprichado coquetel de cachaça (R$ 4,00) ou vodka (R$ 4,50) no tradicional boteco de um outro rei?
Fundado no aniversário de São Paulo, em 25 de janeiro de 1970, o Rei das Batidas continua empunhando o cetro na mesma esquina 36 anos depois, passando incólume às reformas viárias da região que poderiam ter afastado boa parte de sua clientela. “Quando abrimos as portas, a frondosa paineira ainda estava ali, protegendo os passantes do sol e do calor, com sua sombra refrescante”, lembra o garçom Osmar Afrísio dos Santos, apontando para a confluência das avenidas Francisco Morato, Vital Brasil, Lineu de Paula Machado e Valdemar Ferreira, que dá acesso à Universidade de São Paulo. Outros tempos, a majestosa paineira foi podada, houve quem chorasse de tristeza. Mas no Rei das Batidas outro chorinho, despejado alegremente nos copos, continua jorrando.
Afrísio é um garçom atípico. Formado em pedagogia, é escritor, poeta, autor de dois livros. Corre com sua bandeja pelo salão e terraço, orgulhando-se de já ter aberto 1.4 milhões de garrafas de cerveja: “Foi o pessoal da Poli que calculou, numa média de 125 por dia”, sorri. Biblioteca com 1500 livros, de causar inveja a qualquer intelectual, ele tem muitas histórias para contar. “O recorde de consumo é da turma da FEA-USP (Faculdade de Economia e Administração) que numa tarde de confraternização, em 2004, bebeu 90 caixas de cerveja”. Outra: “Uma gata chegou aqui, tomou oito batidas em uma hora, e ainda saiu sóbria!”. São 15 marcas de cachaça, 16 de cerveja, uísques, porções, lanches. Tipos de batida? Desnecessário contar, num lugar que é rei. Mas há algumas curiosas: leite de tartaruga, pé na cova, volta ao mundo, banho de lua etc. As receitas? Vá até lá e confira!
Rei das Batidas
Avenida Valdemar Ferreira 231 ButantãTel: (11) 3031-5795
Armando C. Serra Negra
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