Quid pro quod (quiproquó):
equívoco, confusão, comédia de erros. A expressão latina se aplica
perfeitamente quando a fama sobe à cabeça e os ânimos se exaltam. Encontre um
gênio multi-midia – como poucos no Brasil – num boteco popularmente famoso, mas
que falha no atendimento de um garçom, e veja no que dá:
O
Bar Léo – tido como o melhor chope da cidade – tem histórias para contar em
seus 64 anos de existência. “Jânio Quadros sempre almoçava aqui; um dia viu um
repórter que tinha descido a lenha nele, e não deu outra: levantou da mesa e
saiu correndo atrás do safado!”, diverte-se Luís de Oliveira, 84 anos de idade.
Trabalhando no Léo há 42 anos, mesmo aposentado, o “ouro da casa” não sai de
lá... Uma simpatia!
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O artista genial Guto Lacaz |
Lacaz, sentado
à mesa, chapéu panamá, pediu um sanduíche. Formador de opinião, personagem
importante da intelectualidade paulistana, colaborador da imprensa por mais de
16 anos com suas divertidas ilustrações (oito na ex-coluna de Joyce Pascovitch,
na Folha de S. Paulo, e outros oito
na revista Caros Amigos, da qual é
fundador) – é fartamente solicitado para intervenções artísticas públicas.
“’Garoa Modernista’, rolou na Pinacoteca do Estado em homenagem aos 450 anos de
São Paulo”, conta. Passados quinze minutos, pediu novamente o sanduíche.
Atualmente, o
“Professor Pardal” – como é conhecido à boca pequena – ministrou curso de arte cênica para
montagem do cenário da ópera Cosi Fan Tutti (de Mozart) no Instituto Tomie
Ohtake; outro, para artistas, de Introdução à Escultura Cinética. Entre outras
instituições acadêmicas, foi professor de comunicação visual na PUC Campinas.
Inspirado no grafiteiro Alex Vallauri (1949-1987) criou figuras impagáveis, em
metal, como “Trabalhador”, “Mago”, “Cometa”. Mais quinze minutos, enérgico
pediu seu sanduíche pela terceira vez. O garçom foi mal educado, peitou o
cliente, deu-lhe as costas e saiu andando. Mas outro garçom, rapidamente,
trouxe o famigerado.
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Jacaré mal tirado |
O bar é em
estilo tirolês, charmoso, para 60 pessoas. Os sanduíches em pão francês, de
rosbife com queijo, ou pernil, são ótimos, cortados em pedacinhos para petiscar
(R$ 8,00); bolinhos de bacalhau (R$ 3,70). No famoso chope (R$ 3,70) o
colarinho é alto: “A espuma serve para evitar que o gás escape, deixando-o mais
suave”, explica o gerente Waldemar Pinto. Estranhamente, o bar já ganhou
diversas vezes o certificado da Real Academia do Chope, da Ambev, por sua
qualidade, embora a Brahma cobre uma padronização de três dedos de espuma
cremosa (20 ml) na tulipa. O de lá – servido na caldereta – tem quatro ou cinco... comparativamente, com muito menos líquido na taça; ou seja, muito mal tirado.
Mas como uma
das frases antológicas do Léo registrada em seu site é “Aqui o chope é assim,
se você não gosta não tem problema, na padaria vende cerveja sem colarinho,
basta atravessar a rua”, Lacaz foi até lá e tomou a sua (R$ 2,70) geladinha, feliz da vida. Afinal,
com diploma ou sem diploma, um colarinho deve ser tirado ao gosto do cliente, não é? Nota zero para o Bar Leo. Carpe diem (aproveite o dia)!
Bar Leo
Rua Aurora 100 Sta.
Efigênia
Tel: (11) 221-0247
www.barleo.com.br
Lanchonete Minas de Ouro
Rua dos Andradas 135 Sta. Efigênia
Tel: (11) 223-5127
Armando C. Serra Negra
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