segunda-feira, 18 de julho de 2016

Quiproquó no Bar Leo...


Quid pro quod (quiproquó): equívoco, confusão, comédia de erros. A expressão latina se aplica perfeitamente quando a fama sobe à cabeça e os ânimos se exaltam. Encontre um gênio multi-midia – como poucos no Brasil – num boteco popularmente famoso, mas que falha no atendimento de um garçom, e veja no que dá:
            O Bar Léo – tido como o melhor chope da cidade – tem histórias para contar em seus 64 anos de existência. “Jânio Quadros sempre almoçava aqui; um dia viu um repórter que tinha descido a lenha nele, e não deu outra: levantou da mesa e saiu correndo atrás do safado!”, diverte-se Luís de Oliveira, 84 anos de idade. Trabalhando no Léo há 42 anos, mesmo aposentado, o “ouro da casa” não sai de lá... Uma simpatia!
O artista genial Guto Lacaz 


Lacaz, sentado à mesa, chapéu panamá, pediu um sanduíche. Formador de opinião, personagem importante da intelectualidade paulistana, colaborador da imprensa por mais de 16 anos com suas divertidas ilustrações (oito na ex-coluna de Joyce Pascovitch, na Folha de S. Paulo, e outros oito na revista Caros Amigos, da qual é fundador) – é fartamente solicitado para intervenções artísticas públicas. “’Garoa Modernista’, rolou na Pinacoteca do Estado em homenagem aos 450 anos de São Paulo”, conta. Passados quinze minutos, pediu novamente o sanduíche.




Atualmente, o “Professor Pardal” – como é conhecido à boca pequena – ministrou curso de arte cênica para montagem do cenário da ópera Cosi Fan Tutti (de Mozart) no Instituto Tomie Ohtake; outro, para artistas, de Introdução à Escultura Cinética. Entre outras instituições acadêmicas, foi professor de comunicação visual na PUC Campinas. Inspirado no grafiteiro Alex Vallauri (1949-1987) criou figuras impagáveis, em metal, como “Trabalhador”, “Mago”, “Cometa”. Mais quinze minutos, enérgico pediu seu sanduíche pela terceira vez. O garçom foi mal educado, peitou o cliente, deu-lhe as costas e saiu andando. Mas outro garçom, rapidamente, trouxe o famigerado.
Jacaré mal tirado
O bar é em estilo tirolês, charmoso, para 60 pessoas. Os sanduíches em pão francês, de rosbife com queijo, ou pernil, são ótimos, cortados em pedacinhos para petiscar (R$ 8,00); bolinhos de bacalhau (R$ 3,70). No famoso chope (R$ 3,70) o colarinho é alto: “A espuma serve para evitar que o gás escape, deixando-o mais suave”, explica o gerente Waldemar Pinto. Estranhamente, o bar já ganhou diversas vezes o certificado da Real Academia do Chope, da Ambev, por sua qualidade, embora a Brahma cobre uma padronização de três dedos de espuma cremosa (20 ml) na tulipa. O de lá – servido na caldereta – tem quatro ou cinco... comparativamente, com muito menos líquido na taça; ou seja, muito mal tirado.  
Mas como uma das frases antológicas do Léo registrada em seu site é “Aqui o chope é assim, se você não gosta não tem problema, na padaria vende cerveja sem colarinho, basta atravessar a rua”, Lacaz foi até lá e tomou a sua (R$ 2,70) geladinha, feliz da vida. Afinal, com diploma ou sem diploma, um colarinho deve ser tirado ao gosto do cliente, não é? Nota zero para o Bar Leo. Carpe diem (aproveite o dia)!

 

Bar Leo

Rua Aurora 100  Sta. Efigênia

Tel: (11) 221-0247

www.barleo.com.br

 

Lanchonete Minas de Ouro

Rua dos Andradas 135 Sta. Efigênia

Tel: (11) 223-5127

 

Armando C. Serra Negra

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