sexta-feira, 15 de julho de 2016

É Banda Elétrica no Magnólia !






Engenheiros elétricos soltam faíscas no Magnólia Villa Bar. Esquina íngreme, em frente a grande árvore de pracinha na encruzilhada, a casa velha de tijolinho fecha portas e janelas quando o som bomba. Cinquentões maneiros, sem aposentar os instrumentos – e nem vão – dedilham, teclam e batucam cada oportunidade de apresentação. Amigos aplaudem, a clientela se agita, o bar fatura. “O que é um músico sem plateia?”, indaga o batera Álvaro Telles. O Magnólia tem gafieira, samba e MPB ao vivo de terça a domingo, as quartas-feiras reservadas para rock e blues (couvert 25,00). Quando bombou essa garotada grisalha. Foram duas bandas: o vocal da Side Blues Band por conta da afinada enfermeira Daniela Pena, e a Clock Rock Band plagiando as iniciais do Colégio Rio Branco, onde alguns dos ex-alunos iniciaram os acordes. O mais eletrizante é que, em ambas, há três engenheiros elétricos diferentes ligados na tomada!



Clock Rock Band
Alta voltagem dos ritmos transviados e dourados, décadas de 50 a 70, não guardaram acento. Bandas veteranas amadoras – hobby de empresários, executivos e profissionais liberais – aprimoraram o talento, guardando o entusiasmo adolescente em formol. Até que os polos, positivo e negativo, se encostam, e o frasco explode no palco... Eletrólito das memoráveis e velozes notas musicais, elétrons e pósitrons colidem, e todos se levantam e dançam, formando um campo magnético no meio da pista. Os amperímetros endoidecem.

Mesas de madeira escondem as pernas de cadeiras desaparelhadas, vindas de “família muda e vende tudo”. Pilar em terracota, reclames emoldurados de Biotônico, panelas Rochedo, óleo Salada e dentifrício Mentasol, arrepiam publicitários no uso da palavra. Uma flâmula de cerveja Bohemia (R$ 8,40) tremula ao ventilador bisbilhoteiro: girando para cá e para lá areja o salão. Armazém singelo, caixa com grade de ferro, balcão de madeira, prateleira de garrafas e a popular bomboneira que roda, provável garimpo em vilas do interior. Como o indica o nome do bar. Mais quinquilharias e bugigangas. Painel translúcido de foto de São Paulo antiga, bondes e fordecos estacionados na Praça da Sé, o relógio analógico com dígitos romanos marca 13h50. Folhagens transparecem de uma estrutura de madeira e vidro ao fundo, rampa certa para o fumódromo abaixo, e bem vindo. Filamentos incandescentes nos lustres de vidro e cristal barato, auxiliados por lampiões pequenos de latão, esparramam o amarelo difuso que bem ilumina. Corrente alternada: On – quentão gelado (vodka ou cachaça, lima, gengibre, e hortelã – R$ 21,50), caipirinha (R$ 16,50), caipiroska (R$ 18,50); Off – bolinhos de beringela (R$ 24,80), coxinhas de creme (R$ 27,40), pasteizinhos (R$ 23,60). Rock atômico!





 

Magnólia Villa Bar

Rua Marco Aurélio 884 – Lapa

Tel: (11) 3463-4994

GPS: 23º32’4.6” S / 46º4’50’’ W


Armando C. Serra Negra

 

 

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