Engenheiros elétricos soltam faíscas
no Magnólia Villa Bar. Esquina íngreme, em frente a grande árvore de pracinha
na encruzilhada, a casa velha de tijolinho fecha portas e janelas quando o som
bomba. Cinquentões maneiros, sem aposentar os instrumentos – e nem vão –
dedilham, teclam e batucam cada oportunidade de apresentação. Amigos aplaudem,
a clientela se agita, o bar fatura. “O que é um músico sem plateia?”, indaga o
batera Álvaro Telles. O Magnólia tem gafieira, samba e MPB ao vivo de terça a
domingo, as quartas-feiras reservadas para rock e blues (couvert 25,00). Quando
bombou essa garotada grisalha. Foram duas bandas: o vocal da Side Blues Band
por conta da afinada enfermeira Daniela Pena, e a Clock Rock Band plagiando as
iniciais do Colégio Rio Branco, onde alguns dos ex-alunos iniciaram os acordes.
O mais eletrizante é que, em ambas, há três engenheiros elétricos diferentes
ligados na tomada!
![]() |
Clock Rock Band |
Alta
voltagem dos ritmos transviados e dourados, décadas de 50 a 70, não guardaram
acento. Bandas veteranas amadoras – hobby de empresários, executivos e
profissionais liberais – aprimoraram o talento, guardando o entusiasmo
adolescente em formol. Até que os polos, positivo e negativo, se encostam, e o
frasco explode no palco... Eletrólito das memoráveis e velozes notas musicais,
elétrons e pósitrons colidem, e todos se levantam e dançam, formando um campo
magnético no meio da pista. Os amperímetros endoidecem.
Mesas
de madeira escondem as pernas de cadeiras desaparelhadas, vindas de “família
muda e vende tudo”. Pilar em terracota, reclames emoldurados de Biotônico,
panelas Rochedo, óleo Salada e dentifrício Mentasol, arrepiam publicitários no
uso da palavra. Uma flâmula de cerveja Bohemia (R$ 8,40) tremula ao ventilador
bisbilhoteiro: girando para cá e para lá areja o salão. Armazém singelo, caixa
com grade de ferro, balcão de madeira, prateleira de garrafas e a popular
bomboneira que roda, provável garimpo em vilas do interior. Como o indica o
nome do bar. Mais quinquilharias e bugigangas. Painel translúcido de foto de
São Paulo antiga, bondes e fordecos estacionados na Praça da Sé, o relógio
analógico com dígitos romanos marca 13h50. Folhagens transparecem de uma
estrutura de madeira e vidro ao fundo, rampa certa para o fumódromo abaixo, e
bem vindo. Filamentos incandescentes nos lustres de vidro e cristal barato,
auxiliados por lampiões pequenos de latão, esparramam o amarelo difuso que bem
ilumina. Corrente alternada: On – quentão
gelado (vodka ou cachaça, lima, gengibre, e hortelã – R$ 21,50), caipirinha (R$
16,50), caipiroska (R$ 18,50); Off –
bolinhos de beringela (R$ 24,80), coxinhas de creme (R$ 27,40), pasteizinhos
(R$ 23,60). Rock atômico!
Magnólia Villa Bar
Rua Marco Aurélio 884 – Lapa
Tel: (11) 3463-4994
GPS: 23º32’4.6” S / 46º4’50’’ W
Armando C.
Serra Negra
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.