terça-feira, 12 de julho de 2016

O Catarina do Mar


        
Como pode um peixe vivo viver fora d’água fria? Montando boteco, ora pois! “Passei e vi as mesinhas coloridinhas, era dia de sol, chamei minha mãe para vir petiscar aqui”, insinua a fama do bar O Catarina, a professora e advogada Adriana Paone. Minúsculo e despojado, duas mesas no interno, meia dúzia no passeio, em pouco mais de um ano (abriu em maio de 2010) o lugar já faturou duas indicações – de melhor boteco e melhor petisco – para o prêmio Comer & Beber da revista Veja São Paulo. “Foi no boca a boca que me estabeleci”, anui o pescador catarinense Renato Andrade, na contingência amorosa de atracar sua traineira por aqui: O Catarina é um boteco familiar, a esposa paulista, Andréia, o ancoradouro.


         Toalhas floridas de chita, televisor ligado, um grande painel fotográfico da ponte que liga a ilha de Florianópolis ao continente, outra da rede lançada ao arrastão, ao fundo do pequeno balcão emana o cheiro da maresia: é a fritura de acepipes inolvidáveis que escapa da cozinha. Só falta areia na calçada para sujar o pé. “Os petiscos são sequinhos, empanados com gordura hidrogenada, que realça o sabor, e a casquinha de siri (R$ 10) é de siri mesmo, servida na carapaça do crustáceo”, sugere Adriana, mordiscando um gorducho camarão à milanesa (R$ 24, doze unids.). Porção de marisco (R$ 24). As ostras (frescas R$ 42 e gratinadas R$ 47, doze unids.) são servidas apenas às terças e sextas-feiras, quando chega a remessa de Santa Catarina, e o botequim lota. No início, as ostras in natura eram importadas do pequeno cativeiro da família, mas, no aumento da demanda, a fazenda Ostravagante, principal fornecedora da paulicéia, foi fisgada. “O motivo principal que me levou a montar boteco, é que eu precisava comer frutos do mar, com o gostinho lá de casa; não passo sem isso, e só encontrava lugares caros e sofisticados”, confessa Renato.

Não só a qualidade do que oferece é de primeira, como os preços são imbatíveis. Cachaça “tijolinho sagrado” (R$ 3), cervejas Brahma (R$ 5,80), Serramalte e Original (R$ 6,90), caipirinha (R$ 10), caipiroska (R$ 13). O bairro de Perdizes está despontando como um novo núcleo etílico-gastronômico: só de vizinhos, O Catarina tem mais seis, e procurando poita ao redor, para amarrar o cabo do barquinho (um sufoco!), é necessária paciência de pescaria. Deduz-se que é para lá que sopra a brisa da Vila Madalena. Mas vale a pena: não bastasse os deliciosos quitutes, o pescador Renato, com sua vasta experiência nos longos corsos da sardinha e da tainha em alto mar, tem saborosas histórias para contar...

 

O Catarina

Rua Ministro Ferreira Alves 131 – Perdizes

Tel: (11) 2369-5657

 

Armando C. Serra Negra

 

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