Como pode um peixe vivo viver fora d’água fria? Montando boteco, ora pois! “Passei e vi as mesinhas coloridinhas, era dia de sol, chamei minha mãe para vir petiscar aqui”, insinua a fama do bar O Catarina, a professora e advogada Adriana Paone. Minúsculo e despojado, duas mesas no interno, meia dúzia no passeio, em pouco mais de um ano (abriu em maio de 2010) o lugar já faturou duas indicações – de melhor boteco e melhor petisco – para o prêmio Comer & Beber da revista Veja São Paulo. “Foi no boca a boca que me estabeleci”, anui o pescador catarinense Renato Andrade, na contingência amorosa de atracar sua traineira por aqui: O Catarina é um boteco familiar, a esposa paulista, Andréia, o ancoradouro.
Toalhas floridas de chita, televisor ligado, um grande painel
fotográfico da ponte que liga a ilha de Florianópolis ao continente, outra da
rede lançada ao arrastão, ao fundo do pequeno balcão emana o cheiro da maresia:
é a fritura de acepipes inolvidáveis que escapa da cozinha. Só falta areia na
calçada para sujar o pé. “Os petiscos são sequinhos, empanados com gordura
hidrogenada, que realça o sabor, e a casquinha de siri (R$ 10) é de siri mesmo,
servida na carapaça do crustáceo”, sugere Adriana, mordiscando um gorducho camarão
à milanesa (R$ 24, doze unids.). Porção de marisco (R$ 24). As ostras (frescas
R$ 42 e gratinadas R$ 47, doze unids.) são servidas apenas às terças e
sextas-feiras, quando chega a remessa de Santa Catarina, e o botequim lota. No
início, as ostras in natura eram importadas do pequeno cativeiro da família,
mas, no aumento da demanda, a fazenda Ostravagante, principal fornecedora da
paulicéia, foi fisgada. “O motivo principal que me levou a montar boteco, é que
eu precisava comer frutos do mar, com o gostinho lá de casa; não passo sem isso,
e só encontrava lugares caros e sofisticados”, confessa Renato.
Não só a qualidade
do que oferece é de primeira, como os preços são imbatíveis. Cachaça “tijolinho
sagrado” (R$ 3), cervejas Brahma (R$ 5,80), Serramalte e Original (R$ 6,90),
caipirinha (R$ 10), caipiroska (R$ 13). O bairro de Perdizes está despontando
como um novo núcleo etílico-gastronômico: só de vizinhos, O Catarina tem mais
seis, e procurando poita ao redor, para amarrar o cabo do barquinho (um
sufoco!), é necessária paciência de pescaria. Deduz-se que é para lá que sopra
a brisa da Vila Madalena. Mas vale a pena: não bastasse os deliciosos quitutes,
o pescador Renato, com sua vasta experiência nos longos corsos da sardinha e da
tainha em alto mar, tem saborosas histórias para contar...
O Catarina
Rua Ministro
Ferreira Alves 131 – Perdizes
Tel: (11) 2369-5657
Armando C. Serra
Negra
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