Basta conferir os números para constatar que o ramo de
bares e restaurantes está entre os maiores geradores de emprego, diretos e
indiretos, do País. “São 780 mil estabelecimentos, com uma média de três sócios
e seis funcionários cada um; só na capital há 50 mil”, contabiliza o advogado
Percival Maricato, presidente do Sindicato de Bares e Restaurantes de São Paulo
(Sindirestaurantes). Essa multiplicação gera um universo aproximado de 7.1
milhões de trabalhadores diretos, entre empresários e funcionários: pouco mais
de um terço da população da Grande São Paulo, com 19.7 milhões de habitantes,
segundo o IBGE.
Confortavelmente instalado na sede do
sindicato, um casarão no bairro do Pacaembu, o advogado afirma que o capital
envolvido na área de alimentação e lazer atinge a cifra de R$ 9.4 bilhões por
mês, significando um giro de R$ 112.3 bilhões anuais. “O lucro líquido mensal
médio de cada unidade é de R$ 12 mil”, estima.
No entanto, ao longo dos últimos anos os impostos,
taxas e tarifas incidentes sobre o negócio só vêm aumentando, em escala
inversamente proporcional ao estipêndio do consumidor, afastando-o do setor. “O
lazer está em 10º lugar entre as necessidades familiares, depois dos gastos com
luz, água, alimentação, saúde, educação. Além disso, há dez anos não havia
despesas com novas tecnologias, como telefone celular, TV a cabo, micros
computadores, que também abocanharam boa parcela do público”, considera
Maricato.
Desenvolvimento – No empenho de reverter um quadro, atualmente
desfavorável, o Sindirestaurantes, e entidades similares, atuam junto aos órgãos públicos, para alertar
as autoridades sobre o risco que esse potencial sócio-econômico vem
enfrentando. Há algum tempo, ganharam demandas contra a Sabesp, pela redução das
multas aplicadas, por atraso de pagamento, de 10% para 2%; conseguiram a
redução do ICMS de 12% para 3,2%; do ISS de 10% para 5%. “São algumas
conquistas, ainda insuficientes, para contrabalançar a perda de público”, diz
ele.
Visando a facilidade de circulação noturna, propostas,
à primeira vista polêmicas, são apresentadas. Nas regiões onde se aglutinam
bares e restaurantes e há falta de estacionamentos, por exemplo, sugere-se que
a tarifa dos táxis poderia ser reduzida, tendo em contrapartida o aumento do
número de passageiros. Ainda, a partir de certo horário, o estacionamento dos
veículos sobre as calçadas deveria ser permitido, para facilitar o fluxo das
ruas, evitando congestionamentos. “Grandes cidades turísticas, como Roma, Paris
e Rio de Janeiro fazem isso, para atrair os turistas” questiona. Em sua
opinião, os moradores dessas áreas poderiam ser mais compreensivos, entendendo
que tais problemas não deveriam prevalecer sobre a importância sócio-econômica
da atividade.
Armando C. Serra Negra
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