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Helen Roche
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Em nenhum lugar
do mundo há tamanha concentração de mulheres bonitas e descontraídas como num
ensaio de Escola de Samba: mini-saias proliferam! Às vésperas do carnaval é
pura folia. Principalmente se for na paulistana Rosas de Ouro, que entra este
ano com o enredo “Diáspora Africana – Um
Crime Contra a Raça Humana”. Nada mais oportuno, numa época em que o
preconceito e a xenofobia sangram na Europa, invadem os campos de futebol,
explode entre fanáticos. A origem do carnaval é a alegria, embora o rufar dos
tambores, o bumbo dos atabaques, o zunir dos chocalhos, lembrem, sutilmente,
uma marcha militar africana pronta para a luta.
Contra a desigualdade. Na passarela todos são iguais, irmanados pelo único
ideal de levantar o troféu na quarta-feira de cinzas.
Os gregos já festejavam com
grandiosidade a mais popular das festas, celebrando a volta da primavera, o
Renascer da Natureza. No Brasil, foi chamado de Entrudo, influência dos
portugueses da Ilha da Madeira, Açores e Cabo Verde. Trouxeram para cá, em 1723,
a brincadeira das loucas correrias, mela-mela de farinha, batalhas de confete,
serpentina e bolotas de cera recheadas de perfume – a bisavó da lança-perfume.
Samba no pé, a bela Luana – professora
de artesanato – foi escolhida a Madrinha da Bateria: “É muita responsabilidade;
mas uma alegria contagiante representar a escola do meu coração”, exulta o
sorriso radiante. Simbolizando a mestiçagem tão brasileira, a morena posa de
passista da Ala do Samba (fantasia, R$ 330), ao lado da administradora de
empresas loira, Thayane, Guerreira do rei Sado (fantasia, R$ 280). Nobre
combatente do tráfico negreiro. A lojista Magaly Fernandes, carnavalesca de
olhos azuis, confere: “Já saí na Mangueira cinco vezes, e agora estréio em
Sampa; dizem que nosso desfile está batendo o Rio!”. Vai de Guerreira de Benin
(R$ 250).
Fundada em 1971, seis vezes campeã, a
Rosas de Ouro não conquista o título desde 1994. “Estamos aí, sempre brilhando,
o que vale é competir e espalhar alegria; quem sabe este ano...”, torce
Angelina Basílio, presidente da escola, que entra com 22 alas. O drinque
tradicional é o Chiclete com Banana (groselha e vodka, R$ 3), cerveja Viva! (R$
5), garrafa de vinho (R$ 6), uísque Drury’s c/ energético (R$ 15), sanduíche de
calabreza (R$ 4). Ensaios às quartas-feiras, sextas e domingos, a partir das
20h00 (ingresso, R$ 20). “Dá a maior vontade comprar uma fantasia!”, grita ao
ouvido uma foliã bombando na quadra, coração acelerado pelo bate-cum-bum,
inundada de suor. Ela canta com a multidão o refrão: “Que esse canto não seja
em vão!”.
Sociedade Rosas de Ouro
Rua Cel. Euclides Machado 1066
Freguesia do ÓTel: (11) 3831-4555
Armando C. Serra Negra
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