quinta-feira, 7 de julho de 2016

Esquenta Carnaval Rosas de Ouro






Helen Roche
Em nenhum lugar do mundo há tamanha concentração de mulheres bonitas e descontraídas como num ensaio de Escola de Samba: mini-saias proliferam! Às vésperas do carnaval é pura folia. Principalmente se for na paulistana Rosas de Ouro, que entra este ano  com o enredo “Diáspora Africana – Um Crime Contra a Raça Humana”. Nada mais oportuno, numa época em que o preconceito e a xenofobia sangram na Europa, invadem os campos de futebol, explode entre fanáticos. A origem do carnaval é a alegria, embora o rufar dos tambores, o bumbo dos atabaques, o zunir dos chocalhos, lembrem, sutilmente, uma marcha militar africana pronta para a luta.  Contra a desigualdade. Na passarela todos são iguais, irmanados pelo único ideal de levantar o troféu na quarta-feira de cinzas.


         Os gregos já festejavam com grandiosidade a mais popular das festas, celebrando a volta da primavera, o Renascer da Natureza. No Brasil, foi chamado de Entrudo, influência dos portugueses da Ilha da Madeira, Açores e Cabo Verde. Trouxeram para cá, em 1723, a brincadeira das loucas correrias, mela-mela de farinha, batalhas de confete, serpentina e bolotas de cera recheadas de perfume – a bisavó da lança-perfume.


         Samba no pé, a bela Luana – professora de artesanato – foi escolhida a Madrinha da Bateria: “É muita responsabilidade; mas uma alegria contagiante representar a escola do meu coração”, exulta o sorriso radiante. Simbolizando a mestiçagem tão brasileira, a morena posa de passista da Ala do Samba (fantasia, R$ 330), ao lado da administradora de empresas loira, Thayane, Guerreira do rei Sado (fantasia, R$ 280). Nobre combatente do tráfico negreiro. A lojista Magaly Fernandes, carnavalesca de olhos azuis, confere: “Já saí na Mangueira cinco vezes, e agora estréio em Sampa; dizem que nosso desfile está batendo o Rio!”. Vai de Guerreira de Benin (R$ 250).


         Fundada em 1971, seis vezes campeã, a Rosas de Ouro não conquista o título desde 1994. “Estamos aí, sempre brilhando, o que vale é competir e espalhar alegria; quem sabe este ano...”, torce Angelina Basílio, presidente da escola, que entra com 22 alas. O drinque tradicional é o Chiclete com Banana (groselha e vodka, R$ 3), cerveja Viva! (R$ 5), garrafa de vinho (R$ 6), uísque Drury’s c/ energético (R$ 15), sanduíche de calabreza (R$ 4). Ensaios às quartas-feiras, sextas e domingos, a partir das 20h00 (ingresso, R$ 20). “Dá a maior vontade comprar uma fantasia!”, grita ao ouvido uma foliã bombando na quadra, coração acelerado pelo bate-cum-bum, inundada de suor. Ela canta com a multidão o refrão: “Que esse canto não seja em vão!”.


Sociedade Rosas de Ouro
Rua Cel. Euclides Machado 1066 Freguesia do Ó
Tel: (11) 3831-4555


Armando C. Serra Negra      


 

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